Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 228

Letícia sabia que aquela lesão dela mal contava como machucado. Então, virou-se para Beatriz e puxou a manga da camisa da amiga, levantando-se até o cotovelo:

— Olha aqui! O braço da Bia vai ficar todo roxo amanhã! — Exclamou, indignada.

Eduardo olhou para a garota que a irmã puxara até ele.

O braço fino e claro de Beatriz exibia várias marcas avermelhadas, claramente deixadas por apertos violentos.

Seu cenho se contraiu discretamente.

Sentindo-se desconfortável sob o olhar dele, Beatriz puxou rapidamente a manga de volta.

Mas Letícia não deixou por menos. Levantou-se de novo e, dessa vez, virou-se para os policiais:

— Vejam isso. Essa mulher foi lá pra conversar civilizadamente? Se era só pra conversar, por que foi com três brutamontes e agrediu a minha amiga?

Os agentes observaram os hematomas com atenção.

Nesse momento, a voz de Eduardo se fez ouvir, fria, firme, carregada de autoridade:

— Minha irmã e a amiga dela foram atacadas por criminosos. Espero que esta delegacia trate o caso com seriedade. Não deixem que escapem impunes.

Os policiais levantaram os olhos.

O homem diante deles tinha um ar intimidador, uma presença que, mesmo em silêncio, já impunha respeito. Quando falava, suas palavras vinham carregadas de um peso que não permitia contestação.

— Pode ficar tranquilo, Sr. Eduardo. Vamos conduzir tudo com o maior rigor. Vai ter resposta. — Respondeu um deles, com um sorriso cordial e quase reverente.

Eles voltaram para a sala de interrogatório, deixando dois agentes responsáveis pela recepção e apoio. Ofereceram cadeiras e até café.

Eduardo agradeceu com um aceno de cabeça. Depois, voltou-se para Daniel:

— Sr. Daniel, agradeço por ter chegado a tempo para proteger minha irmã... E a amiga dela.

Ao terminar a frase, seus olhos desviaram para Beatriz, que agora estava o mais longe possível dele, como se sua simples presença fosse perigosa.

— Nada a agradecer, Sr. Eduardo. — Respondeu Daniel com gentileza. — A Beatriz é minha funcionária. E foi Letícia quem enfrentou os agressores. Eu é que devo agradecer por isso.

Eduardo virou o rosto, pretendendo perguntar a Beatriz se ela tinha mais algum ferimento.

Mas Letícia, como sempre, interrompeu sem cerimônia:

— Ah, e minha bolsa também! Eles têm que pagar. Sem esquecer o custo médico, danos morais, perda de tempo... Eu quero cada centavo de volta, sem exceção!

Eduardo assentiu.

Um dos policiais da recepção trouxe os cafés. Eduardo pegou o dele.

Estava prestes a dar a volta e ir até Beatriz, mas, nesse instante, outro agente chegou com cadeiras. Beatriz se sentou novamente no lugar mais distante da sala, longe dele.

É por teimosia? Ou porque, pra ela, aquilo nem dói mais?”

As palavras que Letícia dissera a ele ao meio-dia voltaram à memória.

Beatriz, desde pequena, era alvo de bullying, sempre sozinha.

Depois, casou-se com Gabriel… E o que antes era psicológico virou físico.

Agressões constantes, fraturas, ossos quebrados, tudo parte da rotina.

“Então é por isso que arranhões e marcas, pra ela... nem contam como ferimento?”

Sem saber explicar por que, um incômodo estranho foi surgindo por dentro.

Começou pequeno, quase imperceptível, mas foi se espalhando, como um nó apertando o peito, se entranhando pelos nervos, até as extremidades do corpo.

Ele não sabia nomear o que sentia.

Só sabia que, de repente, estava com raiva.

Uma raiva silenciosa, abafada, quase sem direção...

Mas real. Muito real.

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