Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 212

Daniel entendeu de imediato e comentou com naturalidade:

— Murilo é atento aos detalhes. Pode ir, a máquina de café está no canto esquerdo da minha sala. O pessoal deles já chegou no térreo, vou lá recebê-los. Quanto ao café... Um espresso simples está ótimo. E se não ficar perfeito, não tem problema. Provavelmente ele nem vai beber. É mais pelo gesto mesmo.

Beatriz compreendeu o recado. O cliente em questão provavelmente era exigente a ponto de desprezar qualquer café que não fosse do gosto refinado dele.

Ao entrar na sala de Daniel, dirigiu-se direto à máquina. Pegou a medida certa de pó, ajustou a moagem e iniciou a extração.

Enquanto o café era preparado, aproveitou para vaporizar o leite e formar uma espuma cremosa. Com cuidado e agilidade, finalizou com uma leve arte em forma de árvore sobre o topo da bebida.

Quando retornou à sala de reuniões com a xícara na mão, os convidados já estavam acomodados.

Daniel ocupava a cabeceira à direita, enquanto o cliente da empresa parceira sentava-se à esquerda, os dois conversando de forma casual.

Pelo ângulo lateral em que Beatriz se aproximou, só conseguia ver o contorno firme da mandíbula do homem e o nariz alto e bem definido. Parecia jovem, mas com presença forte.

Vestia um terno sob medida impecável. No punho, um par de abotoaduras de safira azul reluzia discretamente, um detalhe de puro luxo.

Não era de se admirar que Daniel tivesse feito tantos cuidados. O homem realmente parecia um magnata.

Beatriz se aproximou com elegância e colocou a xícara à frente dele, dizendo com gentileza:

— Por favor, senhor, seu café.

O homem, que até então mantinha as mãos cruzadas sobre a mesa, virou-se levemente em sua direção. No instante em que os olhos de Beatriz encontraram seu rosto de frente, ela congelou por um segundo.

Era ele...

O homem mal-educado da outra noite.

Eduardo também ficou surpreso ao reconhecer um rosto familiar e, claramente, ela também se lembrava dele.

Com uma expressão despreocupada, recostou-se na cadeira. Lançou um olhar breve para o café à sua frente, depois para as mesas dos outros participantes, onde havia apenas garrafas de água, e comentou, com uma sobrancelha levemente arqueada:

— Foi você que preparou, só pra mim?

Beatriz parou os passos. Virou-se para encará-lo.

Aquela pergunta, em qualquer outro contexto, exigiria apenas um simples “sim”. Mas, vinda daquele homem egocêntrico, e com aquele tom ambíguo, era claramente outra coisa.

Afinal, quem perguntaria se o café tinha sido feito especialmente para ele, se não estivesse insinuando alguma coisa?

No centro de todas as atenções, Beatriz manteve o olhar firme sobre o homem. Estava convencida de que ele ainda acreditava que ela era a moça oportunista da outra noite e interpretou aquelas palavras como provocação.

Ela se irritou. Mas não podia demonstrar. Afinal, ele era o cliente mais importante da mesa. Respirou fundo duas vezes.

— Eu não sou recepcionista. Sou funcionária do departamento de design. — Respondeu com calma, defendendo-se com dignidade.

“E mesmo que fosse recepcionista, qual o problema? Era um trabalho tão digno quanto qualquer outro.”

Aquele “desperdício de talento” soou como puro desprezo. Desrespeitoso. Mal-educado. E ainda por cima... Inconveniente.

Se ao menos ele fingisse não conhecê-la, tudo teria passado batido. Mas não precisava insistir, mesmo depois que ela já tinha explicado tudo naquela noite.

Eduardo escutou a resposta com expressão divertida. Levou uma mão ao queixo, esfregando lentamente, como quem avaliava algo com interesse exagerado, e provocou de novo:

— Se não é da recepção... Então por que está fazendo o trabalho de uma? E ainda diz que esse café não foi feito especialmente pra mim?

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