Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 211

Na família Pereira.

O imprevisto daquela noite, ocorrido durante a festa, logo chegou aos ouvidos do Sr. Henrique. E ele ficou furioso.

— O senhor quer um pouco de água, por favor... — Disse o mordomo, entregando a ele um copo de água morna.

O Sr. Henrique tomou um gole, respirou fundo e soltou um suspiro pesado.

— Mas por que ele fez isso? Foi se humilhar à toa... Está cavando a própria cova. Felizmente ninguém da família Martins se feriu. Do jeito que as coisas estão, não só o noivado está fora de questão, como temo que acabem virando inimigos declarados.

— O Sr. Gabriel tem discernimento. Não machucaria ninguém. — Comentou o mordomo, tentando amenizar.

— Discernimento? — Bufou o velho, indignado. — Já se esqueceu que sexta passada fomos juntos à delegacia para tirá-lo de lá? Ele não machucaria? Eu acho é que ele tem coragem até de matar!

O mordomo permaneceu em silêncio por um momento. Depois, falou com cuidado:

— Mas... Do outro lado era alguém da família Martins. O Sr. Gabriel certamente pensou duas vezes...

— Pensou duas vezes coisa nenhuma! — Esbravejou o velho, batendo com força na coxa. — Ele conseguiu deixar o próprio pai tão irritado que o homem foi parar no hospital! Esse garoto não mede consequência nenhuma!

Dessa vez, o mordomo não teve resposta. Baixou a cabeça, constrangido, sem dizer mais nada.

Diziam que o pai do Sr. Gabriel, após uma discussão acalorada, teve uma crise de hipertensão e ainda estava em repouso.

O mordomo, aliás, estava curioso. “Que tipo de palavras tão absurdas Gabriel teria dito para provocar tamanha reação?”

— Amanhã já é sexta... — Disse o Sr. Henrique, com um tom pesaroso. — Tranque ele na casa durante o fim de semana. Nada de deixá-lo sair! Do contrário, quem sabe o que mais ele pode aprontar?

Suspirou profundamente, o olhar perdido no vazio.

“Estou envelhecendo. Quanto tempo ainda me resta?”

O casamento do filho havia terminado em tragédia. E agora o do neto... Uma confusão sem fim, feita de brigas e ressentimentos.

“Será que cometi um erro, dois anos atrás?

Se não tivesse arrastado Bia para esse jogo... Talvez nada disso teria acontecido. Talvez ela não teria se ferido, e meu neto não teria se tornado esse jovem obcecado, à beira da loucura.”

Naquele instante, os olhos do velho se tornaram opacos, turvos, como se de repente carregassem todo o peso de seus anos. Já não era mais o patriarca imponente e enérgico de antes, mas um idoso que via sua família desmoronar, impotente.

No dia seguinte...

Beatriz foi trabalhar como de costume. Durante a manhã, foi levada pelo diretor para participar de uma reunião.

A recepcionista imediatamente olhou para ela com gratidão, quase aliviada. Murilo virou-se um pouco e comentou:

— Tudo bem. Beatriz conhece bem o Sr. Daniel.

Beatriz saiu tranquilamente, enquanto a jovem funcionária a observava com os olhos brilhando de admiração. Então, entendeu, aquela era a famosa futura esposa do chefe de quem os colegas tanto falavam.”

“Linda, gentil e prestativa. Uma verdadeira rainha.”

O coração da moça ficou até emocionado com tanta delicadeza.

No corredor, a caminho da sala do diretor, Beatriz se deparou com Daniel vindo em sua direção, acompanhado por alguns executivos. Ele carregava uma pasta nas mãos e discutia em voz baixa algum detalhe técnico.

Ao notar quem vinha do lado oposto, Daniel foi o primeiro a virar o rosto e cumprimentar:

— Beatriz, veio me procurar?

Ela fez um leve aceno de cabeça.

— O diretor Murilo disse que o cliente prefere café. Pediu que eu viesse preparar um na sua sala.