Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 161

Dentro do reservado, observando todos rindo e conversando animadamente, Beatriz não achou o ambiente barulhento, pelo contrário, sentiu uma sensação de realidade palpável, como se estivesse, enfim, com os pés no chão.

Durante os dois anos de casamento, seu círculo social havia se fechado por completo. Toda a sua vida girava em torno de Gabriel. Já fazia tempo que não experimentava aquela vivacidade, aquele gosto pela vida real.

Ergueu a taça, deu um gole suave e se permitiu relaxar, com um sorriso leve e sereno nos lábios.

No meio da confraternização, aproveitou uma ida ao banheiro para, discretamente, pagar a conta. Quando os colegas descobriram, todos insistiram em dividir a despesa com ela.

— A gente te chamou pra sair, não pra você bancar tudo. Cada um paga a sua parte. — Disse uma colega.

— Eu sei. — Beatriz sorriu. — Mas deixa pra próxima, né? Vocês não vão me chamar só uma vez, vão?

No fim, ninguém conseguiu convencê-la a aceitar o dinheiro. Ela ainda ajudou a chamar carro de aplicativo para os que tinham bebido demais, cuidando de tudo com atenção aos mínimos detalhes.

— Uau, Beatriz… Antes de conhecer você melhor, achava que fosse meio fria, sabe? Mas você é supergentil, supercuidadosa. — Comentou uma das colegas, surpresa.

Beatriz sorriu com naturalidade.

— Ah, foi só um pequeno gesto.

— Pequeno nada! Você até lembrou a Ana de tomar leite quente ou um café forte quando chegar em casa, pra cortar o efeito do álcool.

Diante disso, Beatriz apenas sorriu, em silêncio.

“Esses lembretes quase automáticos…”

Eram hábitos que adquiriu por cuidar de Gabriel durante tanto tempo.

— Bom, vou nessa! Se cuida pra voltar pra casa, viu? — Disse a colega, ao entrar no carro e acenar.

— Claro, até amanhã! — Beatriz retribuiu o aceno com um sorriso.

Depois que todos se foram, ela não pediu um carro. Preferiu caminhar devagar pela calçada, sentindo a brisa suave da noite.

Desde que saiu de casa, desde que deixou Gabriel para trás, até o simples ato de respirar parecia mais livre, mais leve. Gostava daquela sensação de independência. Não queria jamais voltar.

Mas, só de lembrar da insistência dele em reatar, uma expressão de incômodo surgiu em seu rosto.

Ainda assim, pensou melhor. O divórcio já estava praticamente resolvido. O Sr. Henrique havia garantido que cuidaria de tudo. Não havia com o que se preocupar.

Beatriz respirou fundo. Justo nesse momento, o toque do celular rompeu o silêncio. Pegou o aparelho e viu que era Letícia ligando.

Enquanto ela o analisava por dois segundos, ele voltou a falar:

— Aposto que viu que eu ia passar e se jogou só pra chamar atenção.

“Mas que absurdo é esse?!”

Que tipo de pessoa já chega presumindo o pior dela? Que grosseria!

Respirou fundo, engoliu o incômodo e respondeu com um sorriso profissional:

— Primeiro, obrigada por ter me ajudado. Segundo, não foi de propósito. Eu me distraí tentando fazer uma ligação e não reparei nos degraus.

O homem lançou um olhar para o celular na mão dela. Beatriz, mantendo a compostura, mostrou o aparelho com tranquilidade.

— A ligação nem foi feita. Se vai inventar uma desculpa, que pelo menos seja convincente. — Disse ele, sem cerimônia.

Beatriz retrucou com firmeza:

— Eu ia fazer a ligação. Não...

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