Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 1012

Como Mirella poderia esquecer?

Quando era criança, Marcelo a deixava irritada e subia em uma árvore para colher flores para ela, trazendo-as todas em suas mãos.

“Pronto, pronto, irmãzinha, não fique brava, a culpa é toda do Nelson.”

Ao ver as flores de magnólia caindo uma a uma diante de si, Mirella sentiu como se Nelson ainda estivesse a consolando daquela maneira.

A brisa suave passava, como se as mãos de Nelson a acariciassem com ternura.

Mirella, não chore, Nelson está aqui, Nelson nunca ficará bravo com você.

Mirella se jogou nos braços de Antonio, chorando copiosamente.

Se alguém visse aquela cena, certamente se surpreenderia.

As magnólias continuavam caindo ao redor dos dois, como se uma chuva de pétalas tivesse começado.

Chorando, Mirella disse: “Nelson nos perdoou.”

Ele ainda estava a acalmando, como fazia quando eram pequenos.

Os olhos de Antonio também ficaram vermelhos. Ele se ajoelhou diante do túmulo dos dois e bateu a cabeça três vezes com força, dizendo: “Fiquem tranquilos, prometo cuidar e amar a Cátia. Quando chegar minha hora, virei lhes pedir perdão.”

Com os olhos vermelhos, Mirella desceu a colina ao lado de Antonio.

No caminho, ambos permaneceram em silêncio, enquanto Mirella se perdia nas lembranças do passado.

As memórias daqueles anos eram o suficiente para curá-la para o resto da vida.

Ela tivera um Nelson tão bondoso e irmãs tão queridas.

Mesmo depois de mortos, eles ainda a protegiam à sua maneira.

Quando já estavam próximos ao Cartório de Registro Civil, Mirella pegou o estojo de maquiagem e cobriu as olheiras avermelhadas com base.

Hoje era o grande dia de seu casamento com Antonio; precisava estar feliz.

O mês de abril ainda era um pouco frio em Cidade Nova. Ela tirou o casaco grosso, revelando a camisa branca que já havia preparado.

Diante das câmeras, Antonio parecia um pouco atordoado; ele realmente estava se casando com Mirella.

Naquele tempo, ele só pensava em lhe dar uma cerimônia de casamento, realizando um desejo antigo.

Quando tudo foi destruído, ele achou que era o destino.

Ao receber a certidão de casamento, olhando para si mesmo ao lado de Mirella, seus olhos também se encheram de lágrimas.

Aquele documento era mais do que uma prova de amor entre ele e Mirella; era o fim do ressentimento entre as famílias Monteiro e Barbosa.

“Cátia, vá devagar.”

Antonio, preocupado com o coração dela, sussurrou em alerta.

“O sol está quase se pondo, se demorarmos mais, não vamos chegar a tempo.”

Ao passar por um lago de vitórias-régias, avistaram de longe uma enorme árvore de ipê-rosa, que devia ter séculos.

Quando o vento soprava, o mundo inteiro parecia tomado pelo rosa.

Foi sob aquela chuva de pétalas que Mirella avistou Marlene.

Naquele dia, Marlene usava um vestido de noiva inspirado na cultura brasileira, tão deslumbrante que parecia ter saído de uma pintura.

O detalhe vermelho na testa combinava com o vermelho do traje.

Quando a cerimônia terminou, Mirella chamou baixinho: “Irmã.”

Marlene pensou ter ouvido errado, ou talvez estivesse tendo uma alucinação. Ao virar-se, viu Mirella parada ali.

Ela levantou a barra do vestido, os brincos balançando, fazendo tilintar, e correu em direção a Mirella.

“Cátia!!!”

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