“Emiliano Quintana”
Eu precisava acalmar a Pilar ou nós nunca conseguiríamos nos entender. Antes de chegar ao escritório eu passei numa floricultura e comprei uma rosa vermelha pra ela, dentro de uma caixa. Eu compraria todas as rosas da floricultura, mas eu achei que aquela única rosa significaria muito mais. Eu parei na recepção e a encarei, ela estava de óculos escuros.
Eu dei a volta no balcão e parei em sua frente, retirei os óculos do seu rosto com cuidado. Seu rosto estava pior que no dia anterior, muito roxo e o olho muito inchado. Eu lamentei aquilo e mais uma vez e me senti culpado. Deixei os óculos sobre o balcão e lhe entreguei a caixa com a rosa. Ela tirou a fita e abriu. Eu vi o pequeno sorriso que aquela teimosa tentou esconder. Eu tinha escrito um cartão dizendo que eu havia guardado o vinho para que tomássemos juntos e que eu estava chateado por não poder tocá-la. Ela leu, suspirou e me encarou.
- Isso significa que você mudou de idéia? – Ela perguntou.
- Isso significa que eu não quero que você fique brava comigo. – Eu respondi. – Nós podemos esperar uma semana.
- E se isso não se resolver em uma semana? – Ela estava ansiosa, eu também estava, mas nós teríamos que esperar.
- Eu te garanto que, de um jeito ou de outro, isso vai se resolver em uma semana. – Eu falei sério.
- Você mantém a sua posição e eu mantenho a minha. Agora vai, me deixa trabalhar, biscoitinho. – Ela se virou e me expulsou da minha própria recepção, aquela atrevida.
Eu fui para a minha sala bufando. Como ela podia ser assim, tão cabeça dura? Mas o meu sofrimento estava longe de terminar. Na hora do almoço eu decidi convidá-la para almoçar para podermos conversar fora do escritório. Mas quando eu cheguei à recepção quem eu vi abraçando a minha garota? A minha garota num vestidinho preto colado ao corpo e que ia só até a metade da coxa. Não tinha como não ficar irritado.
- Mário, você por acaso não tem uma empresa para administrar não? – Eu me aproximei irritado, mas o Mário não tirou aquela mão cheia de dedos da cintura da Pilar.
- Como vai, Emiliano? Sim, eu tenho uma empresa, muito bem sucedida por sinal, que vai muito bem obrigado, e da qual eu me ausento às vezes na hora do almoço. Hoje por exemplo eu marquei de almoçar com essa bela. – O Mário sorriu pra mim convencido.
- Ah, mas essa bela não pode ir almoçar com você hoje não. – Eu puxei a Pilar pelo braço a afastando do Mário.
- Que pena! Por que não? Você mantém seus funcionários sem pausa para uma refeição? – Aquele atrevido me encarou, estava se divertindo às minhas custas.
- Não, Mário, é que eu não quero mesmo que você fique jogando o seu charmezinho italiano pra cima da Pilar. Ela não é para você, Mário, entendeu? – Eu o encarei.
- E por acaso ela é para você, meu amigo? – Ele me desafiou.
- Exatamente, Mário! Ela é minha! Minha e você está insistindo muito em tocar o que é meu. Então pode tirar a sua mulinha manca da chuva, porque a Pilar é minha. – Eu o adverti e ele gargalhou.
- Está maluco, biscoitinho? Até onde eu sei, eu não sou de ninguém! Eu sou livre, leve e solta. Ninguém – ela pronunciou a palavra de forma bem enfática -, ninguém assumiu compromisso comigo não.
- Pilar, não me provoca! – Eu avisei, já estava bem cansado dos joguinhos.
- Vamos, Mário! – Ela me deu as costas, mas antes que pudesse segurar o braço do Mário eu a agarrei pela cintura e a tirei do chão, caminhando de volta para a minha sala.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...