“Maurice Lanoy”
E a Mônica conseguiu outra vez! Mais um projeto tirado daqueles panacas do Martim e do Emiliano com sucesso. E esse era gigante, esse projeto resolveria todos os meus problemas e encheria o caixa da empresa e os meus bolsos. Eu até pensei que não fosse conseguir marcar com o cliente, ele não parecia muito interessado e a Mônica conseguiu o projeto muito em cima da hora dessa vez, me deixando com o tempo muito curto.
Eu sempre marcava as reuniões antes da reunião do cliente com a Monterrey Quintana, afinal, quando os clientes viam o projeto que aqueles idiotas apresentavam e me ligavam, eu logo dizia que eles haviam roubado o meu projeto e os convencia a fechar comigo, o original! Claro que todos acreditavam, assim eu não só roubava os clientes dos dois panacas, como também os demoralizava.
Eu tive que ser muito persuasivo para conseguir a atenção do Mário Bianchi, ele era dono de uma rede hoteleira cinco estrelas e esse novo empreendimento dele era fantástico, mas ele era um homem ocupado e eu nem sei como os panacas conseguiram chamar a atenção dele. Na verdade, o meu único problema nesse esquema era conseguir que o Mário aceitasse ver o “meu” projeto. E aí a secretária dele me ligou e marcou a hora, o peixe caiu na rede, ou melhor, o tubarão! E depois que ele visse o projeto, o negócio com certeza seria fechado, foi assim com todos os outros.
Mas uma coisa eu estava notando em todos os projetos os quais já havíamos nos apropriado, a arquiteta dos panacas era muito boa, muito melhor que a Mônica, mais refinada, como se conhecesse e fizesse parte desse universo de alto luxo. Ela fazia coisas ousadas, mas elegantes e cheias de estilo. Talvez eu devesse roubar essa arquiteta dos panacas, eu deveria pensar melhor nisso.
- Mônica, está tudo pronto? – Eu perguntei ao entrar na sala de reuniões.
- Prontinho, Maurice. Pode ficar tranquilo porque isso aqui vai ser um passeio. – A Mônica era confiante demais, tão confiante que nem revisava os projetos que recebia de sabe lá deus quem. Mas, de fato, todos os projetos eram impecáveis.
- Você modificou os valores da proposta e a condição de pagamento? – Eu insisti, precisava ter certeza de que ela havia se lembrado de tudo.
- Pode ficar tranquilo, está feito! – Ela sorriu e se virou, dando um tapinha no meu peito.
- Tem muita coisa em jogo nessa reunião, Mônica. O investidor também estará aqui. – Eu a lembrei.
- Eu não entendi exatamente porque ele estará aqui. – Ela franziu a sobrancelha.
- Ele quer ver de perto a minha habilidade de negociação. Quer ter certeza de que eu sei fazer dinheiro e que seu capital não vai escorrer pelo ralo. – Eu expliquei.
- Isso é comum nesse tipo de negócio? – Ela perguntou. A Mônica não estava habituada a grandes rodas de negócio, às vezes eu a achava simplória demais.
- Em negócios desse montante, os investidores podem pedir para ver qualquer coisa na empresa. E veio a calhar que ele tenha me pedido isso hoje, exibir o meu poder de fechar negócios justamente com um cliente do quilate do Mário Bianchi, vai me possibilitar fazer uma contra oferta para o investidor. Com o Bianchi entrando para a carteira de clientes a empresa fica valorizada. E de outro lado, o Mário vendo que um homem como o Antônio Guerreiro vai investir em nós, ficará mais tranquilo em fechar o negócio. Entendeu? – Eu expliquei e ela fez que sim.
- Sr. Lanoy, o Dr. Antônio Guerreiro chegou. – A secretária apareceu na porta para avisar.
Eu ajeitei a minha gravata e saí da sala de reuniões para encontrar o Antônio na recepção. Ele era um homem que gritava poder e dinheiro, do tipo que fazia um homem rico como eu se sentir um pobre coitado.
- Dr. Antônio. É um prazer tê-lo de volta. – Eu estendi a mão para cumprimentá-lo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...