Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 181

O tempo pareceu desacelerar quando meus olhos se fixaram na figura de Elise. Ela estava ali, sentada em uma cadeira de rodas hospitalar, as pernas completamente imóveis sob um cobertor azul-claro que não conseguia esconder a realidade devastadora de sua condição. Seus cabelos, antes sempre perfeitamente arrumados, agora estavam desgrenhados e sem vida, caindo sobre os ombros de forma descuidada. O rosto que um dia foi cuidadosamente maquiado para impressionar estava pálido, com olheiras profundas que falavam de noites sem sono e dor constante.

Meu coração disparou, não de medo, mas de uma mistura complexa de choque, satisfação e algo que não conseguia identificar completamente. Era como se todos os meses de angústia, todas as noites acordada pensando em como ela havia tentado destruir minha vida, todas as lágrimas derramadas por causa de suas traições estivessem finalmente sendo validados pelo universo.

Ela tentou mover a cadeira desesperadamente para sair do meu campo de visão, suas mãos tremendo ligeiramente nos apoios de braço. Mas Alex, que estava parado atrás dela com uma expressão que misturava cansaço e resignação, segurou firmemente as alças da cadeira no lugar, impedindo sua fuga.

Por um momento que pareceu durar uma eternidade, fiquei completamente paralisada. Todas as palavras furiosas que havia imaginado gritar para ela ao longo dos anos, todos os confrontos que havia ensaiado mentalmente durante as noites insones, simplesmente evaporaram da minha mente como névoa matinal. Senti Christian se posicionar protetor ao meu lado, sua presença sólida e reconfortante me dando coragem para dar o primeiro passo.

Caminhei devagar em direção a ela, cada passo deliberado e pesado, como se estivesse carregando todo o peso das mágoas que ela havia me causado. O som dos meus sapatos no piso hospitalar ecoava pelo corredor, criando um ritmo quase hipnótico que parecia marcar a contagem regressiva para um confronto que havia sido inevitável desde o momento em que ela decidiu me empurrar daquela escada.

Quando finalmente parei a poucos metros de distância, consegui encontrar minha voz, embora ela tenha saído mais fraca e trêmula do que eu gostaria.

— É permanente? — perguntei, a palavra saindo carregada de todas as emoções contraditórias que fervilhavam dentro de mim.

Elise me encarou com olhos que destilavam ódio puro e concentrado, como se cada fibra do seu ser estivesse focada em me transmitir todo o ressentimento que sentia. Seus lábios se contraíram em uma expressão de desdém que eu conhecia muito bem, a mesma que ela costumava fazer quando achava que estava sendo superior a alguém. Ela se recusou completamente a responder, virando o rosto para o lado como se minha mera presença fosse uma afronta insuportável à sua dignidade.

O silêncio se estendeu por longos segundos tensos, quebrado apenas pelo murmúrio distante de vozes e o bip constante de máquinas médicas. Foi Alex quem finalmente encontrou coragem para falar, sua voz carregada de uma tristeza cansada que me fez sentir uma pontada inesperada de compaixão por ele.

— Os médicos não deram muita esperança de recuperação — disse, olhando para o chão como se as palavras fossem pesadas demais para serem pronunciadas. — A lesão na medula espinhal foi... extensa. Eles disseram que as chances de ela voltar a andar são mínimas.

Então, sentindo uma necessidade quase primitiva de confrontá-la face a face, me abaixei lentamente para ficar exatamente na altura dos olhos de Elise. Consegui ver de perto como suas feições haviam mudado, como a dor e o ressentimento tinham se gravado permanentemente em sua expressão.

— Bem feito — sussurrei, cada sílaba carregada de uma satisfação sombria que nunca pensei que seria capaz de sentir.

A reação de Elise foi instantânea e explosiva. Seu rosto se contorceu em uma máscara de fúria descontrolada e ela tentou cuspir no meu rosto com toda a força que conseguiu reunir. Instintivamente, consegui recuar a tempo, e o cuspe acabou caindo de volta em seu próprio colo, criando uma mancha úmida no cobertor hospitalar. A imagem era tão patética, tão simbolicamente perfeita do que sua vida havia se tornado.

— Ela estava te traindo, sabe — disse casualmente, como se estivesse comentando sobre o clima ou qualquer outro assunto trivial. — Com meu sogro. Lorenzo Bellucci. Eles estavam tendo um caso há meses.

Alex não pareceu surpreso pela revelação, apenas mais cansado, se isso era possível. Ele suspirou profundamente, como se estivesse carregando um peso invisível nos ombros, e balançou a cabeça com resignação.

— Eu sei que ela não mercê que eu estava aqui por ela — disse, passando a mão pelos cabelos de forma nervosa. — Nós já estávamos nos divorciando mesmo antes de tudo isso. Mas quando o hospital ligou solicitando a transferência e descobriram que eu ainda era o contato de emergência dela...

Christian escolheu esse momento para se manifestar pela primeira vez desde que havíamos chegado, sua voz carregada de uma ironia cortante.

— Que coincidência interessante — comentou, seus olhos fixos em Elise. — Bem no momento em que confronto meu pai sobre estar pagando secretamente as contas do hospital dela, ela precisa ser transferida para outro local. Quase como se alguém estivesse tentando esconder rastros.

O silêncio que se seguiu foi carregado de tensão, e pude sentir que ainda havia muito mais a ser dito. Alex permanecia ali, claramente desconfortável, mas sem conseguir se afastar. E eu... eu ainda tinha palavras guardadas que precisavam ser liberadas.

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