Os dias seguintes se arrastaram como uma névoa cinzenta e monótona. Meu apartamento havia se tornado simultaneamente meu refúgio e minha prisão, um espaço onde podia processar meus sentimentos confusos sem ter que fingir que estava bem para o mundo exterior.
Nate mandava mensagens regularmente. Não eram mensagens desesperadas ou sufocantes - ele havia encontrado um equilíbrio delicado entre se fazer presente e me dar o espaço que eu claramente precisava. Às vezes eram apenas "Bom dia", outras vezes perguntava como eu estava, ocasionalmente compartilhava algo pequeno sobre seu dia. Nunca pressionava por respostas, nunca implorava para conversarmos, nunca tentava me fazer sentir culpada pelo meu silêncio.
Eu lia todas, mas não respondia nenhuma.
As ligações dele seguiam o mesmo padrão. O telefone tocava, eu via seu nome na tela, e simplesmente deixava ir para a caixa postal. Ele nunca ligava obsessivamente, respeitando minha decisão de não atender, mas também não desistia completamente. Era como se estivesse me lembrando gentilmente que ainda estava ali, esperando, quando eu estivesse pronta.
Parte de mim apreciava essa abordagem cuidadosa. Mostrava que ele me conhecia bem o suficiente para saber que pressão só me faria recuar ainda mais. Mas outra parte de mim ficava irritada com quão bem ele conseguia me ler.
Tentei me distrair de todas as formas possíveis. Assisti a uma temporada inteira de uma série britânica sobre detetives vitorianos, li dois romances que estavam acumulando poeira na minha estante há meses e até mesmo me joguei em trabalhos que podia fazer de casa, organizando projetos para janeiro e adiantando tarefas que normalmente deixaria para depois das festas. Mas nada conseguia tirar completamente Nate dos meus pensamentos.
Bianca tentou conversar comigo algumas vezes, mandando mensagens cuidadosas perguntando como eu estava, se precisava de alguma coisa, se queria conversar. Respondi brevemente que estava bem, obrigada por perguntar, mas não queria falar sobre o assunto ainda. Ela respeitou meu espaço, embora eu pudesse sentir sua preocupação mesmo através das mensagens.
Zoey mantinha contato regular, como sempre. Mandava fotos de Matteo, contava histórias engraçadas sobre a vida de mãe, compartilhava detalhes sobre o ano novo que estavam planejando no Brasil. Respondi normalmente, mantendo o tom leve de sempre, sem dar indícios de que algo estava errado. Não queria preocupá-la com meus problemas durante as festas, especialmente quando ainda estava tentando processar tudo sozinha.
Mas quando o dia 30 de dezembro chegou, eu sabia que não podia mais adiar a decisão. A festa de Ano Novo da Bellucci seria no dia seguinte, e eu precisava decidir se ia comparecer, se tentaria conversar com Nate, se estava pronta para enfrentar nossa situação ou se continuaria me escondendo indefinidamente.
Sentei no sofá com uma xícara de chá que esfriou esquecida em minhas mãos enquanto encarava meu celular. Finalmente, disquei para Zoey, pedindo uma chamada de vídeo.
O rosto familiar da minha irmã apareceu na tela, Matteo dormindo em seus braços numa posição que parecia desconfortável mas que claramente funcionava para ele. O fundo mostrava a sala luxuosa da mansão dos Bellucci no Brasil, decorada com toques sutis de Ano Novo.
— Oi, amor! — disse Zoey com aquele sorriso caloroso que sempre me fazia sentir em casa. — Como você está? Que bom te ver!
— Bem... mais ou menos — respondi, tentando encontrar o tom certo. — Na verdade, preciso te contar uma coisa. Meio que aconteceu uma situação aqui.
— Opa — Zoey ajeitou Matteo para ficar mais confortável e me deu atenção total. — Conta tudo. E não me venha com versão resumida, quero todos os detalhes suculentos.
E então contei. A descoberta devastadora de que Wanderer era Nate o tempo todo, o confronto, meu desmaio, nossa briga, meu silêncio dos últimos dias. Zoey me ouviu sem interromper, suas expressões mudando de surpresa para choque, depois para compreensão, e finalmente para aquela cara analítica que eu conhecia tão bem.
— Caramba, Anne — disse quando terminei. — Isso é... muito. Muito mesmo. Nate sendo o Wanderer? Sério? Todo esse tempo?
— Todo esse tempo — confirmei. — E Bianca sabia. Ela sabia o tempo todo e não me contou, e eu era uma idiota andando por aí dividida entre dois caras que eram a mesma pessoa.
Zoey ficou em silêncio por alguns momentos, me estudando através da tela com aquele olhar penetrante que sempre me deixava ligeiramente desconfortável.
— Eu sei o que está te incomodando — disse finalmente.
— Como assim? — perguntei, franzindo a testa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário
Já estou no capítulo 279 e o 280 não abre de jeito nenhum, já estou desanimada...
Como faço para comprar e ler o capítulo inteiro...
Não abre mais capítulos nem pagando deprimente...
Quem comprou,todos os capítulos custam 3 moedas ou vai aumentando o valor?...
Eu comprei mas agora dá erro pra acessar alguns capítulos. Desconta as moedas do saldo e mesmo assim não mostra. Não adiantou nada. Só gastei à toa....
Onde compro os capítulos bloqueados??...
Decepcionada, tem pagar pra continuar a ler....
Agora tem que pagar eita...
Sério que tem que pegar??...
Antes esse site era grátis agora tem q pagar,decepcionada...