Vitorino estava profundamente cansado quando seu carro preto, um modelo sofisticado, deixou o hospital e entrou nas ruas da cidade de Bela.
As luzes da cidade penetravam lentamente pelas janelas, dispersas, trazendo um toque de melancolia à atmosfera.
Enquanto a paisagem urbana recuava pela janela, o celular de Juliana exibia várias chamadas perdidas.
"Alô, senhor, a senhora saiu pegando as malas."
Conectando-se ao celular via Bluetooth, ele retornou a ligação, apenas para descobrir que Ariela havia saído.
O carro então entrou em uma rua lateral, cruzando com um táxi amarelo.
Ele lançou um olhar fugaz pela janela, encontrando Ariela sentada dentro do táxi com uma expressão distante. Os dois veículos seguiram em direções opostas, como se fossem linhas paralelas destinadas a nunca se cruzarem.
Vitorino prendeu a respiração e acelerou o carro.
Ele já havia tentado explicar a situação, mas ela insistia em ser teimosa. Ele estava curioso para ver até onde ela levaria essa atitude.
Acendendo um cigarro, Vitorino deu uma tragada profunda e esticou a mão para fora da janela, tentando aliviar a irritação que fervia dentro dele.
Quando decidiu ignorar Ariela e seguir direto para sua mansão, a imagem vislumbrada dela lhe veio à mente com uma expressão de vazio e desolação.
De súbito, Vitorino freou bruscamente e virou o carro, iniciando uma perseguição pelo táxi que estava prestes a entrar na avenida principal.
A princípio, o taxista não percebeu que estava sendo seguido, até que Vitorino começou a buzinar insistentemente, pedindo que parasse, percebendo então que tinha um problema.
Desde que entrou no táxi, a expressão de Ariela era de quem havia perdido a alma.
"Senhora, aquele carro atrás é para você, não é?"
O veículo de Vitorino avançou por diversos sinais amarelos, acelerando sempre no último segundo antes de mudarem para vermelho, lutando contra o tempo.
Completamente absorta em seus pensamentos, Ariela não ouviu o motorista tentando se comunicar.
O motorista do táxi, observando o carro preto pelo espelho retrovisor, sentiu-se assustado.
O taxista segurava nervosamente o celular, pronto para chamar a polícia a qualquer momento, enquanto observava a figura enfurecida de Vitorino.
"Desça."
Vitorino a puxou para fora do carro.
Ariela olhava serenamente para o rosto furioso de Vitorino, que, mesmo em meio à sua fúria, mantinha uma aparência distinta.
Vestindo um terno bege claro, com a camisa ligeiramente aberta no colarinho e o cabelo, antes bem penteado, agora despenteado pela perseguição, Vitorino emanava uma aura de autoridade e rebeldia.
Mesmo assim, ele era um homem cuja beleza faria qualquer mulher prender a respiração, inclusive Ariela.
O amor era uma lâmina afiada, indiferente a gênero.
Desviando o olhar daquele rosto que a encantava desde a juventude, Ariela ouviu o som do próprio coração se quebrando, resignada.
'Ariela, não há volta. Nunca mais volte.'
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...