Ariela conversou com Nestor por um momento e depois desligou o telefone.
Ela sentou-se perto da janela, sem sentir nenhum alívio no coração embora estivesse prestes a deixar Vitorino.
Ao verificar as vagas de emprego online, ela se candidatou a uma posição de cantora residente em um pub.
O salário era bom e o conteúdo parecia menos complicado.
Depois de comunicar, foi informada que deveria comparecer para uma entrevista no dia seguinte.
Ariela vasculhou seu celular e encontrou uma foto de família.
As lágrimas voltaram a brotar.
Estar sozinha não significava solidão; era o coração inquieto que trazia tristeza.
Tina a levou para casa, mas não teve tempo de ficar com ela.
Ela estava sempre ocupada.
Ariela decidiu que só iria começar a trabalhar após o enterro de seu irmão e seu pai, dois dias depois.
E esses dois dias prometiam ser extremamente difíceis.
Era a primeira vez em três anos que Vitorino experimentou a ausência de Ariela ao seu lado.
O cinzeiro de seu quarto estava cheio de bitucas de cigarro.
Ele passou duas noites em contemplação silenciosa, e olheiras já marcavam seu rosto profundamente.
Hoje era o dia do enterro do Leandro e Tiago da família Sampaio.
Ele pegou as chaves do carro e foi até o apartamento de Tina.
Vitorino sabia que tinha ferido Ariela profundamente, e queria fazer algo para compensá-la.
Por orgulho masculino, contudo, sentia que não estava errado.
O carro preto parou do lado de fora do apartamento, e Vitorino esperou pacientemente por Ariela.
A porta do apartamento se abriu, e um homem e uma mulher apareceram.
A mulher, de cabelos longos e vestindo um longo vestido preto com um véu cobrindo o rosto.
Uma idade que deveria ser de florescer, no entanto, marcada por uma tristeza inadequada.
O homem segurava seu cotovelo gentilmente, sem intimidade excessiva, mas continuava a consolá-la suavemente ao seu lado, com um olhar gentil e expressão carinhosa.
"Se sua mãe realmente tem preconceitos contra você, podemos estacionar o carro mais longe e realizar a cerimônia assim."
Nestor não esperava que Ariela pedisse para ele acompanhá-la ao funeral das suas famílias.
Ele não sabia por que a mãe de Ariela não permitia sua presença, e ela não queria falar sobre isso, então ele não perguntou.
Ele jogou fora o cigarro e acelerou o carro, indo embora.
Quando Ariela e Nestor entraram no carro, ela sentiu uma inquietação inexplicável.
Percebendo sua hesitação, Nestor perguntou com consideração: "O que foi?"
Ariela olhou ao redor, mas só viu o vento e as árvores, nada mais.
Talvez ela estivesse apenas nervosa demais.
"Não é nada, vamos."
Chegando ao cemitério, Nestor estacionou o carro em um lugar discreto.
Ariela não quis sair; ela simplesmente não conseguia.
Catarina, apoiada por alguém, segurava uma urna funerária, enquanto outra pessoa segurava uma segunda urna, chorando desconsoladamente.
Ariela, sentada no carro, chorava sem parar.
Nestor a acompanhava, sem interromper, deixando-a desabafar.
Depois que Ariela chorou o suficiente, Nestor a abraçou gentilmente.
"Chore se quiser chorar. Sei que você tem se reprimido por muito tempo, garota pobre. Nunca se force em momento algum."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...