Vitorino escureceu o rosto no ato, sua expressão carregava um vislumbre de ira.
"Ariela, não é assim que se compara."
"Então como é? Você gastou uma fortuna comigo? Você diz que sou sua esposa, que você só está retribuindo a outras pessoas, que a gratidão é maior que tudo, e gasta tanto dinheiro elevando outra pessoa dizendo que ela não depende de você. Se somarmos todas as minhas despesas de vida nos últimos três anos, ainda seriam menos do que um único presente que você deu para outra pessoa. Então me diga, é aquela outra mulher que tem mais dignidade, ou sou eu que sou vista como alguém que depende do dinheiro de um homem sem qualquer dignidade?"
Os belos olhos de Ariela brilhavam sutilmente com uma luz sombria, uma tristeza que poderia comover qualquer um que a visse pela primeira vez.
Qualquer sentimento de culpa em Vitorino se dissipou.
Ele se levantou, com um semblante frio e uma voz indiferente.
"Vocês são diferentes."
Ariela ergueu a cabeça: "Como somos diferentes? Ou será que eu simplesmente não vale nada para você?"
Essas palavras enfureceram completamente Vitorino.
"Não vale nada? O anel de casamento que te dei, as joias, colares, e inclusive uma safira que é uma relíquia de família dos Machado."
Ele não entendia, não importava o que fizesse, até mesmo tentando de tudo para apagar as memórias dela.
Por que ela insistia em perseguir em questão de Elodie?
O que ele tinha feito por ela até aquele momento parecia uma piada.
"Relíquia de família? Você acha que eu casei com você por isso?"
Ela abruptamente abriu a gaveta do criado-mudo, tirando tudo que ele tinha dado e jogou em cima dele.
"Vitorino, eu não sei como eu era antes de casar com você. Outras mulheres podem ter dignidade, eu também tenho. Você dá obras de arte que valem milhões para outras e acha que elas são puras e não estão atrás do seu dinheiro, eu sou sua esposa, somos um casal, e tudo que você me deu ainda está em seu nome. Eu não quero isso, você acha que eu dependo de você, a partir de amanhã, eu posso sair para trabalhar. Eu não preciso de você."
Ela tinha enlouquecido.
A melancolia nos olhos de Vitorino parecia prestes a transbordar.
Ela respirou pesadamente, enquanto Vitorino lentamente se levantava e arrumava suas roupas.
Seu belo rosto estava agora completamente inexpressivo.
"É você dizendo que não quer ser Sra. Machado, quer ter dignidade, ok, eu vou te conceder isso."
Ariela não sabia o que ele planejava fazer.
Até aquele momento, suas memórias eram praticamente um vazio além de Vitorino.
"Muitas pessoas vivem sem se preocupar com comida ou abrigo, ficam entediadas com as condições favoráveis e começam a querer provar a si mesmas, querer experimentar a vida. Ariela, lembre-se do que você me disse, não venha chorando pedir para voltar."
Vitorino calmamente abotoou seus punhos.
"Vou pedir para Juliana arrumar suas coisas, você está livre a partir de hoje."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...