Amor ou Dor? Devo persistir? romance Capítulo 114

Juliana ouviu um barulho e subiu para ver o que estava acontecendo. Vitorino parecia enlouquecido, procurando algo freneticamente.

"Senhor Machado —"

"A minha esposa tinha um diário, você viu?"

Vitorino virou-se, os olhos injetados de sangue, fazendo com que Juliana recuasse, assustada.

"Di-diário? Eu, eu não vi."

Sua voz tremia, era a primeira vez que ela via o Senhor Machado tão perturbado.

"Mas a senhora me disse uma vez que havia uma pequena gaveta no guarda-roupa que eu não deveria mexer sem necessidade. Não sei se o diário está lá."

Imediatamente, Vitorino abriu o guarda-roupa e realmente encontrou uma pequena gaveta. Ao abri-la, viu um pequeno livro de capa vermelha repousando silenciosamente lá dentro.

Ele pegou o diário e começou a ler as várias anotações sobre os sentimentos de Ariela e muitas coisas relacionadas a ele.

Conforme folheava, percebeu que o diário de Ariela não registrava apenas acontecimentos cotidianos, mas sim os bons e maus tratos que ela recebera dele.

Cada página estava dobrada ao meio, separando os eventos, e cada ato estava acompanhado por números que ele não entendia.

Alguns eram 5, outros 10.

À esquerda, estavam os momentos em que ele lhe dava presentes ou falava palavras carinhosas, sempre seguidos por um número.

À direita, estavam os conflitos ocasionais, igualmente anotados, mas com números negativos ao lado.

Ele revisava os registros, surpreso por não se lembrar de alguns desses pequenos eventos. Depois de algumas páginas, não quis mais ler, indo diretamente para a última anotação.

"Elodie voltou. -40"

"Ele nem sequer quis ouvir o que eu tinha a dizer, me deixou com dor e foi atrás de Elodie. Foi então que descobri que eu estou grávida, em meio a uma forte nevasca, me senti desprezível. -90"

"Vitorino, se um dia os pontos positivos que te dei se igualarem aos negativos, continuarei contigo. Mas se os negativos superarem, até que não reste nenhum ponto, não poderei mais te amar."

Ela pensou ter sentido um cheiro de queimado, aparentemente vindo do segundo andar.

Sem se preocupar com a presença de Vitorino lá em cima, Juliana correu para investigar.

Um cheiro forte e fumaça cinza escura saíam do quarto principal.

Ela, assustada, empurrou a porta.

Vitorino estava sentado no centro do quarto, algo ardia no chão, e era de lá que vinha o cheiro de queimado.

"Sen-senhor —"

Juliana não sabia o que tinha acontecido com o Senhor Machado.

"Limpe o quarto, não deixe nenhum vestígio."

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