Vitorino ouvia em silêncio as acusações de Tina, sem emitir um único som por um bom tempo.
Henrique inicialmente temia que, agindo assim, Tina despertasse em Vitorino o desejo de matar.
Até que ele viu um lampejo de tristeza e desolação nos olhos do Sr. Machado, o que o deixou estupefato.
Será que Vitorino nutria sentimentos por Ariela?
"Vitorino, eu não sei o que você fez para que Ariela preferisse a morte a ficar ao seu lado, mas é melhor você salvar a vida dela, caso contrário, você carregará o estigma de um assassino pelo resto da vida."
Tina lamentou profundamente, Ariela não queria mais viver por causa de um homem como esse, que desperdício.
"Você não só matou a mulher que mais te ama, como também matou o bebê de vocês. Nem mesmo um animal seria tão cruel... Você é pior do que uma fera..."
"Chega, já disse o que tinha que dizer, agora saia."
A expressão de Vitorino era tão neutra, tão impenetrável, que Tina não conseguia decifrar nem um pouco.
Henrique a puxou.
"Vamos embora. Deixemos que o Sr. Machado resolva isso por conta própria."
Tina foi levada à força por Henrique.
A porta se fechou atrás deles com um estrondo.
Vitorino virou-se e viu Ariela, que jazia silenciosamente na cama do hospital, com a tez pálida e a respiração tão fraca que mal podia ser percebida.
Ele se aproximou e delicadamente segurou sua mão fria; ela não reagiu.
Assim como naquele dia em que descobriu que ela tinha sofrido um aborto e fora levada para o hospital, ele veio visitá-la.
A diferença era que ela estava apenas zangada com ele naquela ocasião, enquanto agora estava completamente inconsciente.
"Você realmente me odeia tanto assim?"
Vitorino sentou-se ao lado da cama, da luz do entardecer até o acender das primeiras luzes noturnas.
Uma melancolia suave sempre o envolvia, como um marido apaixonado sussurrando para sua esposa.
"Ariela, ouça bem, não pense que vou deixar sua família em paz indo embora assim. O que você me deve não se paga apenas com a sua vida."
Melhor casar com alguém cujas intenções ele conhecia claramente, garantindo que ele tivesse o controle, do que com alguém que não entendia.
Ele não a amava; bastava que fosse fácil de controlar.
À luz da lua, Vitorino gentilmente acariciou seu rosto, primeiro o nariz, depois os lábios.
Ela estava adormecida, não morta.
Seus lábios ainda estavam macios, seu corpo ainda era flexível.
O leve cheiro de medicamento em seu corpo não conseguia esconder o perfume feminino, fazendo com que Vitorino, incontrolavelmente, puxasse seu cobertor.
Durante a gravidez, ela comia muito, e seu corpo tornou-se cada vez mais voluptuoso.
Ele desabotoou o uniforme de hospital dela, um botão, dois botões, sua pele brilhava translúcida, tremendo suavemente com sua fraca respiração.
O olhar de Vitorino tornou-se ardente, sua respiração acelerou.
A fria luz da lua brilhava sobre sua pele lisa, emitindo um brilho sedutor como porcelana.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...