Logo em seguida, ela assentiu com a cabeça, sob o olhar atento e profundo de Gregório, admitindo seu medo.
Como não ter medo se sua vida fora salva por um triz, vivenciando o quão preciosa a vida pode ser.
Ela presenciara a trágica morte de seus pais, e aos seis anos fora forçada a compreender o significado da morte prematuramente.
Justamente por entender, não podia simplesmente ignorar a morte deles.
Como poderia fechar os olhos egoísticamente e se perder no amor de Gregório, fingindo ser a "Sra. Pascoal" como se nada soubesse?
Nesse instante, o medo e a tristeza vividos aos seis anos, juntamente com a indignação de vinte anos depois por ter a verdade ocultada, afloraram no coração de Ophélia.
Perder os pais, que tanto a amavam, foi uma dor constante por vinte anos.
Sua impotência e seu dilema explodiram de uma só vez.
As emoções foram tão avassaladoras que as lágrimas começaram a rolar silenciosamente, a princípio, enchendo seus claros olhos castanhos de lágrimas transparentes, caindo como pérolas de seus olhos.
Gradualmente, ela começou a soluçar incontrolavelmente, chorando cada vez mais.
Gregório nunca a tinha visto chorar assim. Anteriormente ela sempre chorou silenciosamente, raramente emitindo som.
Com emoções complexas em seu peito, ele abraçou seu frágil corpo, depositando um beijo cheio de carinho no topo de sua cabeça.
"Não tenha medo, meu amor, estou aqui."
Essa frase confortante agiu como um gatilho, e Ophélia, finalmente, permitiu-se chorar sem reservas em seus braços, agarrando-se firmemente à sua roupa, encharcando-o com suas lágrimas.
A confusão no edifício só se acalmou após o homem com uma faca ser levado embora, e colegas de trabalho e pacientes se reuniram do lado de fora da porta destruída.
Ele a carregou diretamente através da multidão falante, colocando-a no carro.
No meio da multidão, Solange estava agarrada ao braço do diretor, choramingando: "Tio, eu quase morri de susto..."
O semblante do diretor estava mais sério que o céu nublado, sem oferecer uma palavra de conforto, soltou o braço dela e dirigiu-se ao carro preto.
A maneira mais eficaz de aliviar emoções é através do constrangimento público, pensou Ophélia, considerando que amanhã poderia aparecer nas notícias dessa forma, suas lágrimas cessaram.
Ela abaixou a cabeça e tirou o jaleco branco, observando o nome do hospital bordado no peito.
Trabalhando no hospital por três anos, ela nutriu afeição e acumulou desilusões. Aquele jaleco, que inicialmente simbolizava grande aspiração, há muito havia perdido seu brilho sagrado.
"Ophélia deve ter ficado assustado, não é?" A voz do diretor soou, com um toque de preocupação, "Eu ouvi sobre o incidente pela Rute, graças a Deus você manteve a calma e ajudou a todos a escaparem pela janela a tempo, evitando o pior. Vou conversar com o Diretor Braga e ver sobre te dar um prêmio de funcionária do ano, para reconhecer devidamente seu mérito."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....