Naquela noite, o hospital estava silencioso, mas Ophélia mal conseguia fechar os olhos.
Depois de um turno com um colega, ela não foi para casa descansar, mas decidiu visitar a Mansão Pascoal.
Sem aviso prévio, quando chegou, descobriu que Queren e os outros não estavam lá. A Sra. Eunice a informou que sua avó estava no jardim, então Ophélia foi encontrá-la.
A temporada de peônias era curta, mas o jardineiro contratado pela família Pascoal cuidava muito bem delas, fazendo-as florescer em cachos e buquês deslumbrantes.
No orquidário de vidro, com sua profusão de plantas verdes, a avó, que gostava de vestir roupas vivas apesar da idade, foi imediatamente notada por Ophélia.
Apoiada em sua bengala, a velha senhora, com as costas curvadas pela idade, parecia muito alterada, repreendendo algo ou alguém com vigor.
Era raro ver a avó tão irritada. Ophélia desviou o olhar e, entre folhas e galhos, notou vagamente uma figura do outro lado.
Um homem alto, com roupas escuras, cujo rosto era impossível de ver.
Quando Ophélia abriu a porta, sua avó estava gritando, com a respiração acelerada: "Saia! Saia daqui agora!"
Ophélia correu até ela, segurando seu corpo trêmulo: "Vovó, por que você está tão chateada?"
Enquanto falava, ela olhou para o outro lado e parou de repente, surpresa.
Era o homem que ela havia conhecido no hospital no outro dia.
O olhar dele lentamente encontrou o dela.
A expressão de fúria de sua avó se dissipou e, de repente, ela parecia instável, agarrando a mão de Ophélia: "Ophie, por que você voltou de repente?"
"Acabei de sair do trabalho e vim ver como você estava" - respondeu Ophélia.
Antigamente, só de ver Ophélia, a avó sorria radiante, mas hoje não mostrava alegria, como se a outra pessoa ali não existisse, ansiosa para levá-la para longe: "Vamos, vamos entrar, vou pedir para a empregada preparar algo para você comer."
"Ophie cresceu tanto" - disse o homem, com um tom amável e acolhedor, como um parente distante reaparecendo após muito tempo.
Ophélia, segurando a mão da avó, olhou atentamente para o rosto dele: "Parece que nunca te vi."
"Eu sou Jacinto, tio do Gregório."
Pais amorosos, irmãos respeitosos.
Quase todos os anos, eles tiravam uma foto de família, guardada em um álbum. Agora, Ophélia percebeu que nunca tinha visto uma foto da família Pascoal antes de chegar.
Fosse sua avó, Fidelis Pascoal, os irmãos Gregório ou mesmo os empregados da casa, ninguém jamais mencionou esse "tio".
A marca de nascença na mão do homem se fundiu lentamente com a lembrança daquela mão, e um arrepio percorreu sua espinha.
Uma simples marca de nascença poderia ser uma coincidência, mas como ele era um Pascoal, ainda seria uma coincidência?
Sua mente estava confusa, com pensamentos desordenados passando sem que ela pudesse compreendê-los.
"Ophélia?" - A Sra. Eunice a chamou duas vezes antes que Ophélia voltasse à realidade.
Sra. Eunice colocou a tigela de canja na mesa: "Você parece que está com a cabeça em outro lugar, o que aconteceu?"
"Passei a noite de plantão e não dormi direito." - Ophélia pegou a colher, nem olhou direito para o que tinha na tigela, começou a comer e o gosto era como mastigar cera.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....