À noite, Ophélia estava novamente com dificuldades para dormir. Seu humor era facilmente afetado por Gregório.
Ela pensava consigo mesma que não era tão dura quanto deveria ser, não era fria o suficiente; por isso, diante do ardente amor dele, ainda sentia subir do fundo de seu coração silenciado uma indescritível amargura.
Como poderia ficar indiferente? Em mais de vinte anos de vida, ela só havia amado essa pessoa, que tinha ocupado toda a sua alma.
Ele lhe deu um amor intenso, mas também lhe ensinou o que era o ódio.
O vasto significado do amor é interpretado de forma diferente por cada pessoa; para Ophélia, esse significado tinha o nome de Gregório gravado nele.
O primeiro amor tem um poder inabalável sobre uma pessoa porque define seu amor.
Seu primeiro beijo, o primeiro olhar de compreensão mútua, o que você acha que é o amor e como você ama alguém, tudo isso foi construído com ele.
Depois disso, cada pessoa que você ama tem a sombra dele que você não consegue apagar.
Para Ophélia, amar significava, até certo ponto, estar aberta a se machucar.
Quando você ama alguém, está entregando a essa pessoa a faca que pode te ferir mortalmente.
Por isso, Gregório podia ser destemido, mas ela não tinha coragem de passar por isso uma segunda vez.
Suas experiências de vida desde a infância moldaram sua visão de mundo, bem como sua atitude em relação às finanças: a segurança é mais importante do que o risco.
Ao se virar na cama, ela viu o celular acender no criado-mudo.
Ela o pegou e viu uma mensagem de WhatsApp de Nileson.
"Irmãzinha, parece que meu irmão está triste hoje, ele bebeu muito, caiu bêbado, você pode vir buscá-lo?"
Depois de enviar a mensagem, Nileson se sentou no sofá, balançando as pernas, olhando para Gregório ao seu lado.
"Irmão, você acha que a maninha vai vir?"
Claro que não.
O coração de Ophélia endureceu, era como um diamante.
Mas Gregório ainda assim nutria uma ponta de esperança, querendo saber se ela teria um pouco de preocupação por ele.
"Respondeu, respondeu!" - Nileson deu um tapa em Gregório.
"Delicioso! Os bolinhos de camarão eram os melhores, grandes e frescos, e aquela sobremesa de maracujá, azedinha e doce, meu filho adorou."
"Que coincidência, o paladar de vocês é igual ao da minha esposa." - Gregório, sempre charmoso, disse: "Essa canja de frutos do mar também é muito boa, ela adora. Experimentem."
Ophélia encarava a porta de metal do elevador, ouvindo ele conversar com a vizinha.
Ele falava com facilidade, aproximando-se dos vizinhos e, de forma sutil, construindo sua imagem de "marido da casa ao lado".
Ele calculou o tempo perfeitamente; quando o elevador chegou, ele estava lá.
Ele segurou a porta do elevador aberta para que Ophélia entrasse, dizendo resignadamente: "Se você não tomar café da manhã, o filho do vizinho vai acabar engordando por minha causa".
Ophélia olhou para os números no visor sem responder.
As portas se fecharam e Gregório disse: "Eu não dormi bem ontem à noite, tive um sonho".
Ophélia não reagiu.
"Sonhei que eu tinha ficado fora por três anos e você, sem me contar, teve uma filha escondido de mim. A menina não me reconhecia, agarrava-se às pernas do Bertram chamando-o de papai, o que me fez acordar de raiva."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....