Ophélia não conseguia entender como, enquanto estava comendo calmamente seu jantar, de repente se viu arrastada para fora da sala de aula pelo professor e forçada a trocar olhares com Gregório.
Trocar olhares, por quê?
Na frente de uma classe de alunos mais velhos.
E quem insistiu nessa loucura foi a vovó. Sem outra opção a não ser concordar, ela mordeu o lábio e virou o rosto para o outro lado.
Mesmo assim, ela não queria olhar para Gregório, concentrando-se apenas no padrão escuro de sua gravata.
Gregório baixou os olhos para ela, e Ophélia, com o rosto tenso, parecia uma mula teimosa, olhando para o peito dele sem olhar em seus olhos.
A senhora idosa ao lado dela perguntou em um tom melancólico: "Ophie, por que você não olha nos olhos dele?"
Ophélia suspirou internamente e, sem escolha, levantou os olhos para encontrar o olhar abaixado de Gregório.
Seus olhares se encontraram, sem nenhuma barreira entre eles, muito próximos.
Gregório a observava em silêncio, com uma seriedade rara em seu rosto.
Os olhos dela eram muito bonitos, brilhantes como duas esferas negras reluzentes, cheios de vida e tranquilidade, transmitindo uma sensação de paz.
Quando sorria, seus olhos brilhavam ainda mais, como se todas as estrelas do universo estivessem escondidas neles.
Olhar nos olhos um do outro é algo muito íntimo, uma conexão magnética, um puxão de fios invisíveis, cada segundo gerando inúmeras reações químicas.
Tudo ao redor deles se aquietou, todos os sons desapareceram, as brigas e os antagonismos pareceram se dissolver naquele momento.
Tudo o que restou foi a pessoa à sua frente.
Lentamente, uma onda de emoção começou a se formar no coração de Gregório.
Ao lado, Fidelis Pascoal e Gilberto observavam, deixando Ophélia extremamente desconfortável.
Ela pressionava os lábios, contando o tempo internamente, querendo apenas superar aquele minuto, terminar o "desafio" - e pronto.
No vigésimo nono segundo, Gregório sorriu de repente, o que se tornou cada vez mais óbvio, com sua respiração batendo levemente no nariz de Ophélia.
"..." - Confusa, ela perguntou: "Por que está rindo?"
"Se eu quiser rir, eu rio" - Gregório não sabia explicar o motivo, mas só de olhar para ela, ele não conseguia evitar.
O sorriso em seus olhos se espalhou, uma onda suave e alegre: "Talvez seja porque você parece engraçado".
Ophélia não queria prestar mais atenção nele, mas, ao manter o contato visual, pôde sentir claramente as mudanças no olhar dele.
Como um queijo se esticando, uma conexão ininterrupta, cheia de emoção e ternura, fazendo com que ela se sentisse profundamente amada.
A velha senhora, com seu plano bem-sucedido, sorriu maliciosamente.
Gregório, abraçando a cintura delicada de Ophélia com um nó na garganta, encostou o nariz nela, prestes a beijá-la.
Quando ele abaixou a cabeça, Ophélia desviou o rosto.
"Um minuto se passou."
Gregório parou.
Ophélia recuou de seus braços, e a expressão gentil e sorridente em seu rosto desapareceu junto com seus movimentos.
O sorriso desvaneceu silenciosamente, tornando-se indiferente.
Sem conseguir o beijo, a velha senhora ficou claramente desapontada, mas vendo o desejo de seu neto, ela ficou feliz, dizendo alegremente: "Ophie é tímida, vocês podem se beijar no quarto depois."
Ophélia se sentou para jantar sem dizer uma palavra.
Durante a segunda parte, Gregório, um pouco desanimado, mal tocou em sua comida.
Depois do jantar, Gregório sentou-se sozinho em uma cadeira de vime na varanda, enquanto o vento frio do meio do inverno soprava em seu rosto marcante e expressivo, que permanecia desprovido de qualquer emoção.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....