— Vou escapar dele. Vou escapar da besta.
Ela estava prestes a abrir a porta, quando ouviu Conor.
— Chamá-lo de besta não combina com você, Delilah. Não era você quem sempre cozinhava para aquela besta, quando ele não comia nada? Não era você quem sempre comprava algo para ele, quando ia ao mercado da vila? Não era você quem sempre cuidava dele?
A mão de Delilah tremia um pouco. Seu nariz vermelho e olhos inchados não podiam parecer piores. Ela fechou os olhos para deixar as lágrimas rolarem novamente. Como ele sabia disso?
Sua mão recuou da fechadura.
— Ele é uma besta solitária que todos têm medo. Mas você é a única pessoa que conseguiu ficar com ele, na mesma casa, no mesmo quarto. Ele nunca deixou ninguém ter esse direito antes. Ele nunca te machucou. Como você pode simplesmente chamá-lo de besta?
Delilah soluçava, enquanto ouvia Conor. Ela não conseguia esquecer o olhar dele, quando seus olhos e bochechas começaram a queimar. Mas Conor estava certo. Ele nunca tentou machucá-la.
— Seu companheiro não tentou te forçar? Ele salvou sua vida, não salvou?
Delilah lembrou-se de como seu companheiro rasgou sem vergonha o seu vestido. Ela percebeu que a verdadeira besta era seu companheiro, que brutalmente queria estuprá-la. Ele até disse a Everett que deixaria os outros brincarem com o corpo dela.
— Ele não te contou, porque sabia que você reagiria assim. Ele escondeu seu verdadeiro eu, mas nunca te machucou também. Ele até ficava fora a maior parte do tempo para que você pudesse ficar na casa dele, sem medo.
Delilah se virou para ele.
— O quê? Ele ficava fora por minha causa?
Conor assentiu.
— Sim. Ele está sempre fora treinando. Ele tem seu próprio povo, mas na maior parte do tempo ficava sozinho e sem voltar para a casa.
O coração de Delilah deu um salto.
Ele tem seu próprio povo? O que ele quis dizer com isso? E ele sempre fica fora por minha causa?
Ela mordeu o lábio inferior para se controlar.
— Mas ele sempre diz...
— Ele é apenas um moleque arrogante. Ele sempre ficava sozinho na floresta. Já faz um tempo. Ele não sabe como se comportar. Everett não é tão expressivo.
Delilah conteve suas emoções e se manteve sem chorar. Embora ele se comportasse como uma pessoa normal com ela. Ainda assim, ela não conseguia mudar o fato do que tinha visto naquela noite. Delilah olhou para Conor e perguntou:
— O que você é?
— O que você quer dizer?
— Qual é o seu posto?
— Eu sou um Alfa.
Os olhos de Delilah se arregalaram. Alfa era o posto mais alto dos lobisomens. Ser um Alfa era como a maior conquista, já que era um posto poderoso.
— E-E ele?
Conor ficou em silêncio e Delilah entendeu. Ele não queria falar sobre isso.
— Entendi. Você não quer de...
— Ele é um Licano.
— O QUÊ?
Delilah deu um passo para trás.
— Um Licano? — Ela sussurrou.
Ela já tinha ouvido falar de Licanos. Eles eram o posto mais alto dos lobisomens. Mas como poderia existir um Licano agora? Eles não eram criaturas amaldiçoadas?
Licanos eram como reis de todos os postos. Eles não precisavam de um Alfa para liderá-los. Eles podiam liderar um grupo de Alfas juntos.
Mas havia um ditado. Licanos eram criaturas amaldiçoadas.
Eles eram cheios de maldições e não tinham uma boa história com bruxas e outras criaturas. Então, todas as criaturas se uniram e foram capazes de destruir a Licantropia.
— Ele é um Licano. É a realidade. É melhor se acostumar com isso rapidamente. Quanto mais cedo você aceitar o assunto, melhor será para você.
Conor foi até a porta e pegou a fechadura.
— Uma coisa eu posso te garantir, você não pode escapar dele. Agora, é sua escolha se quer deixá-lo. É sua escolha tentar ou não. Se você acha que é uma armadilha, então o que dizer? Você está em uma armadilha com um Licano solitário.
Conor abriu a porta. Delilah enxugou o rosto e assentiu sem olhar para ele.
— Sobre o seu trabalho, como sou o médico principal, você pode continuar aqui. Mas tente ficar saudável, para poder ajudar os outros a se manterem saudáveis.
Delilah saiu da sala sem dizer nada. Ela entrou no corredor do hospital, totalmente perdida.
Um Licano? Ela pensou. Isso a lembrou do que ouvira de sua avó.
Licanos não precisavam ficar na alcateia, porque não precisavam se proteger. Os outros precisavam de proteção deles. Eles eram criaturas mortais.
Será que Conor disse algo a ela? Por que ela está me repreendendo? Delilah pensou.
Ela assentiu e disse:
— Desculpe, Senhorita Winters. Da próxima vez irei direto a você. Fui até ele apenas para pedir desculpas por não ter vindo por uma semana. Nada demais.
Outras enfermeiras pararam de fofocar. Elas acreditaram em Delilah e acharam que estavam pensando demais.
Mas o olhar de Lily nunca se afastou de Delilah. Ela a viu indo para o quarto de Conor e a forma como Conor fechou a porta pessoalmente, não parecia uma situação de desculpas. Eles pareciam muito próximos, como se Conor estivesse ansioso para falar com Delilah, então ele não se importou que ela estivesse na porta. Ele a desculpou e fechou a porta para falar com Delilah.
O que eles estavam fazendo atrás da porta fechada?
Lily lembrou como Conor veio buscar Delilah e mandou Lily para algum lugar uma semana atrás. Lily achava que Delilah estivesse interessada em Conor porque ele era o médico-chefe lá.
— O que você quer do nosso chefe, você nunca conseguirá. Ele não é assim. Ele é um homem muito profissional. — Lily disse para Delilah em um tom mais baixo para que os outros não pudessem ouvi-la.
Delilah levantou as sobrancelhas. Ela já estava de mau humor, não conseguiria aguentar muito.
— Senhorita Winters, você está pensando em coisas desnecessárias. Não há nada entre mim e ele. — Ela disse em voz alta. Os outros a ouviram claramente. Então ela saiu para o trabalho conforme seu horário indicava.
Lily rangeu os dentes e pensou: Que mulher pretensiosa!
Lily gostava de Conor há muito tempo. Conor treinou a ela e alguns médicos pessoalmente. Desde então, ela tinha um interesse por Conor. Ela tentava impressioná-lo em cada ficha. Ela era médica e era seu dever tratar bem as pessoas. No entanto, por Conor, ela dava cem por cento a cada paciente, para que pudessem se recuperar mais rápido e ela pudesse conquistar o coração de Conor.
Agora Delilah entrou em suas vidas tão repentinamente e conquistou o coração de Conor. Conor começou a dar folga para ela toda semana. Ela era uma nova funcionária, mas as folgas que ela recebia, Lily não recebeu durante todo o ano. Conor estava tratando Delilah como se ela fosse preciosa para ele.
Uma enfermeira chegou e colocou a mão no ombro de Lily. Ela tentou confortar Lily e pensou que Lily estava chateada.
— Eu não acho que ela tenha algo com o Doutor Conor, Senhorita Winters.
Lily olhou fixamente para a mão dela. A enfermeira imediatamente retirou a mão e se curvou para ela.
— Quero dizer que ela é uma simples garota pobre. Como o doutor Conor pode se interessar por ela?
Outras enfermeiras balançaram a cabeça, concordando.
— Mesmo que ela esteja interessada no Doutor Conor, ela é apenas uma enfermeira como nós. Sabemos que você gosta do Doutor Conor e acreditamos que ele só vai te aceitar. Não se preocupe com Delilah. — Outra enfermeira a tranquilizou.
Elas sabiam como Lily era e em quanto ela realmente gostava de Conor. Elas perceberam isso desde o início.
Lily ignorou os comentários delas e olhou para a porta. Ela podia ver as costas de Delilah se afastando em direção a uma sala grande.
Você tentou se aproximar do meu homem, você vai sofrer a longo prazo, Delilah.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Você é meu, Ômega
Sophia e Bryan são perfeitos!!!...
Ethan é um babaca, está atrás dela pq ela mudou....
Ansiosa p os próximos capítulos...
Por favor o restante dos capítulos...
Quero mais capítulos!...
Esperando a continuação já li até 104...
Livro maravilhoso!...
Esperar os próximos capítulos...
Na verdade o companheiro dela é Ryan...
Esse Ethan é um inbecil...