Sávio realmente não suportava a fumaça e o cheiro sufocante da cozinha.
Por isso, ele entrou usando uma máscara.
As mãos acostumadas ao luxo de Sávio, agora estavam cobertas de massa.
Sua testa estava franzida a ponto de quase poder matar uma mosca!
Sr. Queiroz, pela primeira vez em sua vida, começou a questionar sua existência — por que cozinhar tinha que sujar as mãos?
Ele preferiria se cansar a se sujar.
Mas, pelo bem da menina, decidiu suportar.
Sávio ordenou com voz firme: “Todos vocês, saiam.”
As outras pessoas na cozinha queriam ficar para ajudar, mas ninguém ousava desobedecer uma ordem do Sr. Queiroz.
Assim, todos se retiraram.
Amélia chegou de mansinho ao pé da escada, ficando atrás dela, e ouviu as conversas dos empregados na porta da cozinha.
“Senhor, cuidado com o óleo espirrando da panela! Não vá se queimar!”
“O Sr. Queiroz nunca se aproxima da cozinha, o que aconteceu hoje? Desde cedo, está ocupado na cozinha, trabalhando a manhã toda.”
“Parece que ele está fritando alguma coisa, suas mãos estão queimadas pelo óleo quente várias vezes, parece assustador.”
Um dos empregados disse baixinho: “Eu acho que o Sr. Queiroz decidiu cozinhar de repente por causa da senhora.”
Amélia ficou surpresa.
Por ela?
Mas se o tio queria que ela se nutrisse melhor, poderia simplesmente ter ordenado à cozinha.
Por que ele mesmo iria cozinhar?
Amélia estava confusa, mas mais do que isso, estava profundamente comovida.
De qualquer forma, era muito especial que o tio tivesse esse cuidado.
Mesmo que a comida do tio não fosse deliciosa, ela fingiria que era e comeria tudo.
Ela não poderia desprezar o esforço do tio.
Pensando nisso, Amélia voltou secretamente ao seu quarto, fingindo estar dormindo.
...
Esse sabor era tão familiar...
Sávio olhava para ela, esperançoso, “E então? Gostou?”
Amélia estava incrédula.
Ela olhou para o homem sentado à sua frente, e mesmo podendo ver apenas um contorno embaçado, lágrimas começaram a se formar involuntariamente em seus olhos.
“Vovó...”
Era o sabor da comida da vovó em sua memória.
Amélia pegou outro bolinho de abóbora, mordeu e murmurou: “Quando eu era pequena, os Campos foram muito ruins comigo, só meus avós eram bons para mim.”
“Toda vez que ia à casa dos meus avós, minha avó fritava bolinhos de abóbora para mim.”
“Os bolinhos de abóbora da minha avó eram os mais deliciosos do mundo! Depois que ela e meu avô morreram, faz muito tempo que não provo esse sabor.”
Lágrimas caíram dos olhos de Amélia.
Ela chorava silenciosamente, saboreando a doçura dos bolinhos de abóbora.
No passado, na família Campos, sempre que era maltratada até ficar cheia de feridas, eram seus avós que lhe davam um pouco de calor e cura.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Virei Seus Olhos Neste Mundo Sujo
Não vai haver novos capítulos?...