— Ele me carregou porque minha roupa tinha sido rasgada, e eu estava aterrorizada, sem conseguir andar! — Explicou Clarice, tentando manter a calma. — Mas ele só me levou até o carro. Depois disso, fui para casa com a Jaque.
Sua voz era firme, como se quisesse deixar claro que, independentemente de Sterling acreditar ou não, o que ela dizia era a verdade.
Sterling ouviu as palavras dela, mas seus olhos ficaram ainda mais frios:
— Não houve nenhuma notícia sobre algo assim no viaduto ontem à noite.
A implicação era óbvia: ele não acreditava nela.
Uma pontada de tristeza atravessou o coração de Clarice. Sterling podia aparecer ao lado de Teresa o tempo todo, estampando os tabloides, vivendo como um casal feliz, até mesmo tendo filhos. E, mesmo assim, nunca se deu ao trabalho de explicar nada a ela.
Agora, ela estava ali, expondo sua vulnerabilidade, deixando suas feridas abertas, e ele sequer acreditava em suas palavras. Era isso que significava não ser amada?
— Por que parou de falar? Está sem uma boa desculpa para continuar mentindo? — Sterling perguntou, com um tom carregado de desdém. Ele estava convencido de que Clarice tinha algo a esconder sobre Asher e, até que tivesse provas do contrário, não acreditaria nela.
Clarice respirou fundo, tentando controlar a dor em seu peito. Ela fixou os olhos no rosto dele, e, de repente, sorriu:
— Então mande o Isaac verificar as câmeras de segurança do viaduto ontem à noite no horário em que eu estava lá. E peça também para ele conferir os registros do hospital onde fiquei internada. Vamos ver se eu estou mentindo!
Cada palavra que saia de sua boca parecia partir ainda mais seu coração. Ela sentia a alma se despedaçar, mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela parecia se libertar.
Por tanto tempo, ela havia amado Sterling. Por tanto tempo, havia se machucado por causa dele. Talvez fosse hora de deixar isso para trás.
Sterling percebeu o vazio no olhar dela, e, pela primeira vez, sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Se o que ela dizia fosse verdade, ele seria o culpado por tê-la deixado vulnerável a algo tão terrível. A ideia de ter falhado com ela o enchia de uma culpa que ele não sabia como lidar.
— Sterling, vamos nos divorciar. — Disse Clarice, fechando os olhos. Sua voz tremia levemente, enquanto um aperto doloroso rasgava seu peito.
Ela queria colocar um fim naquele casamento sem amor. Qualquer coisa seria melhor do que continuar vivendo naquele tormento.
Sterling soltou uma risada fria:
— O filho da Teresa será o primogênito da família Davis. Ele será o herdeiro da família, mesmo que não tenha um pai presente. Por que você está preocupada com isso?
Ele nunca havia sequer considerado a possibilidade de ter um filho com Clarice. Para ele, o filho de Teresa já era, por direito, o futuro herdeiro da família Davis.
Mas, para Clarice, as palavras dele soaram como se ele estivesse afirmando que não queria ter filhos com ela.
Essa certeza reforçou sua decisão de esconder sua gravidez. Sterling nunca saberia a verdade.
— Entendi, Sterling. Quero que você se lembre bem dessas palavras. — Disse ela, com a voz calma, mas firme.
No futuro, ele não teria o direito de tentar reivindicar o filho que ele nunca quis.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...