Joaquim caminhou até o sofá do quarto e se sentou, soltando um longo suspiro enquanto se recostava, fechando os olhos. As linhas de cansaço em seu rosto pareciam mais profundas sob a luz suave do abajur.
Natacha, porém, não conseguiu conter sua frustração, seu corpo tremendo com a raiva acumulada.
- Joaquim, você acha divertido me enganar? Sabe quanto tempo eu fiquei esperando por você na porta do hospital? Você tem ideia de como o vento estava forte esta noite? - Sua voz tremia de raiva e decepção, cada palavra carregada de uma mágoa profunda.
Joaquim abriu os olhos lentamente, seu olhar profundo e intenso. Sua voz, no entanto, manteve calma, quase indiferente.
- Tive um imprevisto esta noite e esqueci de te avisar. - Suas palavras eram simples, mas o tom era frio, sem a urgência ou o arrependimento que Natacha esperava.
Ela ficou surpresa com a resposta indiferente. Ele a deixara esperando no frio por duas horas, e tudo o que ele tinha a dizer era uma desculpa vaga e sem importância. Para ela, isso só provava o quanto ele realmente não se importava. As demonstrações de carinho e atenção que ele havia dado antes não passavam de momentos passageiros de interesse.
Sentindo-se ainda mais machucada, Natacha se virou para sair do quarto, sem querer prolongar a conversa. No entanto, antes que pudesse dar outro passo, Joaquim segurou com firmeza seu pulso, puxando ela para seus braços. O toque dele era forte, mas carregava uma urgência silenciosa.
O cheiro suave de tabaco que ainda impregnava sua roupa trouxe uma estranha sensação de conforto para ela.
- Joaquim, me solte. Eu vou dormir. - Ela tentou se desvencilhar, mas ele a segurou mais firmemente.
Seu corpo, mesmo exausto, exalava uma força inabalável. Ele abaixou a cabeça, encostando no pescoço dela, sua respiração quente enviando arrepios pela pele de Natacha. Sussurrou suavemente:
- Não vá. Me deixe te abraçar por um momento... Só um momento... Eu ainda preciso sair depois. A vulnerabilidade em sua voz a desarmou, como se ele estivesse confessando uma fraqueza profunda.
Afinal de contas, Rafaela ainda estava no hospital, com ambas as pernas quebradas. Segundo os médicos, mesmo que ela se recuperasse o suficiente para ficar de pé, nunca mais poderia dançar. Para uma dançarina, isso era um golpe devastador. Joaquim havia voltado apenas porque Rafaela estava dormindo e ele queria ver Natacha. Ele sentia a necessidade de estar com ela, como se apenas segurá-la pudesse aliviar a exaustão que sentia.
Natacha ficou perplexa. A voz de Joaquim soava tão cansada, tão desgastada, completamente diferente do homem que ela conhecia. Ele não tinha dado nenhuma explicação para deixar ela esperando, mas agora parecia tão vulnerável. A preocupação começou a invadir seus pensamentos. - Aconteceu alguma coisa? Por que você ainda precisa sair tão tarde? - Sua voz, antes irritada, agora estava cheia de preocupação.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite!
Nossa que história chata horrível como se escreve uma mulher tão burra aff...