Mesmo sabendo que à frente havia um abismo, ele saltou sem hesitar.
...
Anderson protegia a nuca de Dora com uma mão, enquanto a encarava fixamente.
Ao longo dos anos, cada detalhe sobre ela havia sido profundamente gravado em sua mente e em seu coração.
Até agora, Anderson mal podia acreditar que amaria tanto uma mulher em sua vida.
Um amor que penetrava até os ossos, marcado para sempre.
Ele se inclinou, seus lábios finos tocando suavemente o belo lóbulo de sua orelha, com uma voz leve, cheia de emoção, humildade e súplica.
"Vamos ter um filho, por favor..."
Essas palavras atingiram Dora como um choque, trazendo-a de volta à realidade.
Ela sentia sua respiração cada vez mais difícil, não por causa de Anderson, mas por si mesma.
Um gosto amargo parecia se espalhar em sua boca.
Tão amargo.
Ela só agora percebia o amargor.
Anderson não viu a dor nos olhos de Dora, pois, naquele momento, estava tecendo um belo sonho para si mesmo.
A morte de Mirela foi uma tortura, assombrando-o ao longo dos anos, levando-o ao desespero.
Não sabia quantas vezes, em seus sonhos, ele voltava àquele dia, sonhando que, após receber uma ligação de Dora, eles procuravam loucamente por Mirela, até que um telefonema da polícia anunciou que haviam recebido um chamado de alguém prestes a se jogar de um prédio, uma jovem que parecia jovem e provavelmente era quem eles estavam procurando.
As palavras da polícia gelaram Anderson até os ossos, e mesmo sem querer acreditar, ele correu para lá.
E então, viu Mirela caída numa poça de sangue.
Porque se importava demais, não há nada mais doloroso do que ver alguém que se ama morrer diante de si sem poder fazer nada.
Toda vez que sonhava com aquele dia, Anderson sentia como se fosse lançado ao inferno.
Talvez, desde o dia da morte de Mirela, ele já estivesse no inferno, sem nunca ter saído.
Agora, Anderson esperava que uma nova vida pudesse redimi-lo, talvez a presença de um pequeno ser com seu sangue lhe desse a coragem para romper as correntes do afeto familiar, escolhendo egoisticamente entre Mirela e o pequeno ser.
...
Sem receber resposta de Dora, os movimentos de Anderson ficavam cada vez mais intensos, marcados pela urgência e pelo desespero: "Por favor, me diga..."
...
Dora não respondeu, apenas o encarou com os olhos abertos e depois os fechou, sem emitir mais nenhum som.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Sepultando Nosso Amor com Minha Morte
Acho que não e o fim Do jeito que e tenho para mim que Dora está viva ainda...
Acabou no 318 um fim sem sentido...
Estou a adorar , não páre pf...
Não tem continuação?...