"Quem é ele?" Roberta exclamou sem pensar.
A Sra. Almeida, com seu rosto enrugado e magro, exibiu um sorriso de triunfo: "Quer saber? Então dê-lhe um enterro digno e descobrirá." Ela deu umas palmadinhas no caixão do Sr. Almeida.
Roberta olhou para o caixão, pequeno e de madeira comum, testemunhando as dificuldades financeiras de Luciana Almeida.
Roberta riu: "Ela é a verdadeira filha de vocês. Vocês a amaram e protegeram a vida inteira, não importa o quanto ela os tratasse mal. E eu? Pedi esmolas por vocês, cuidei de vocês na velhice, mas nunca recebi um tratamento justo. Será que laços de sangue são realmente tão importantes?"
A acusação dolorosa de Roberta pareceu despertar um resquício de consciência na Sra. Almeida. Finalmente, ela confessou: "Laços de sangue são como ossos e músculos conectados. Nenhum outro sentimento pode se comparar. Um dia você entenderá."
Essas palavras trouxeram a Roberta uma vaga esperança.
Ela viveu duas vidas, sem encontrar amor verdadeiro em nenhuma delas. Sentia-se solitária e isolada, ansiando por esse tipo de amor incondicional e sublime.
"Certo. Eu vou enterrá-la." Para descobrir a identidade de seu pai, Roberta decidiu deixar de lado seu ressentimento pelo Sr. Almeida.
Ela lançou um olhar discreto para a Sra. Almeida antes de se virar e sair em silêncio.
No estacionamento, Roberto Gonçalves estava ao lado de um carro branco de luxo. Seu terno preto contrastava com o carro, criando uma harmonia entre o preto e o branco.
"Mana." Roberto Gonçalves veio recebê-la, sem mostrar irritação por ter esperado. Ele sempre mantinha uma disposição calma diante dela.
"Esperei muito por você?" Ele perguntou, abraçando-a e apoiando o queixo em seu ombro, de maneira carinhosa.
Roberta envolveu a cintura dele, sentindo uma estranha frieza.
"Rob, quero ficar." Roberta declarou.
Roberto Gonçalves levantou a cabeça devagar, surpreso.
Ela continuou: "Minha mãe disse que, se eu o enterrasse, ela me contaria quem é meu pai biológico."
Roberto Gonçalves ficou surpreso: "Você ainda quer saber?"
Roberta escondeu o rosto no peito dele: "Eu sei que você, como eu, foi abandonado por seus pais e não espera nada deles. Mas, Rob, minha mãe me disse que ele nem sabe que eu existo. Quero me dar uma chance. Será que, ao saber de mim, ele me aceitaria com alegria?"
Roberto Gonçalves afagou sua cabeça com ternura, seus olhos nublados de preocupação. Ele temia que quanto maior a esperança de Roberta, maior seria sua decepção.
Mas vendo o olhar esperançoso dela, ele não teve coragem de desiludi-la.
"Já que você decidiu, estarei ao seu lado para encontrá-lo."
Roberta sorriu, emocionada: "Rob, você é maravilhoso."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Se a Memória me Trai com Você, Escolho a Amnésia
Estória muito boa, porém atualização q é difícil...