Eu parei por um momento, e uma tristeza indescritível surgiu em meu coração.
Todo mundo sabia que eu amava ele, e amava de uma maneira que não conseguia ver mais ninguém. Mas ele sempre achava que meu coração pertencia a outro.
Se fosse antes, eu desejaria arrancar meu próprio coração e mostrar para ele, "Carlito, olha, está escrito seu nome aqui". Mas agora, não consigo fazer isso.
Até começo a duvidar que o arrancasse. Talvez não encontrasse mais o nome dele, e só restaria cicatrizes.
No caminho de volta para a casa dos Leiria, ela olhou para mim com compaixão. Ela hesitou, mas não conseguiu se conter e perguntou: "Por que você não contou para ele que também teve um aborto?"
"Não faria sentido."
Eu cobri minha barriga e me apoiei em ombro dela. Minha voz soava fraca e sem vida, "Isso mudaria sua opinião temporariamente, e depois?"
Já fiz isso tantas vezes. Tentei reconciliar-nos várias vezes, mas sempre acabava ainda mais machucada.
E desta vez, o preço foi ainda mais alto.
"É verdade."
Leiria suspirou profundamente, segurando o choro, e disse: "Deixe ele ficar com a pessoa que matou o próprio filho. Quando ele descobrir, vamos ver como se arrepende."
"Ele talvez nunca se arrependa."
Pensando na maneira fria como ele havia me confrontado por causa da Adelina, só me senti mais patética e miserável.
E daí se ele soubesse.
Meu filho e o filho da Adelina, ele provavelmente escolheria o último.
A cena na rua hoje já me deu uma lição dolorosa.
Ele correu em minha direção de longe. No momento em que mais precisava dele para estender a mão, ele correu para outra pessoa.
Ele a abraçou tremendo, abraçou-a e gritou...
De repente, senti que meu amor de oito anos não valia nada.
Ele não me amava.
Mesmo que eu morresse na frente dele naquele momento, ele provavelmente passaria por cima do meu corpo para chegar até Adelina.
Que amor profundo e comovente.
Leiria ficou cada vez mais irritada, "Rosa, se chamássemos a polícia?"
Eu sacudi a cabeça levemente, e olhei para a estranha paisagem da rua, "Quem em São Paulo pode enfrentar o Carlito agora?"
Quando avô estava vivo, ele poderia ter controlado Carlito. Após esse incidente, avô já se foi.
Antes de sair do carro, Leiria segurou meu braço, me dando instruções com seriedade, "Não toque em água fria, não se esforce demais, não tome vento, não fique resfriada, ouviu?"
Ela passou a noite pesquisando cuidados pós-aborto. Na verdade, ela não queria que eu fosse trabalhar hoje. Mas eu realmente não queria adiar mais. Quanto mais rápido eu me separasse de Carlito, melhor.
"Ouvi, não se preocupe."
Eu respondi com relutância.
Ao entrar no escritório, notei que a porta estava destrancada. Olhei para Nadir Cardoso com curiosidade, "Você entrou?"
Se bem me lembro, tranquei a porta quando saí ontem à noite.
Sempre tranco a porta para evitar vazamentos de desenhos quando estou trabalhando em projetos ou competições.
No escritório, além do CEO, apenas Nadir tinha acesso.
Ela estava trabalhando com a cabeça baixa. Ao ouvir minha pergunta, pareceu assustada por um momento e sorriu, dizendo: "Ah, sim, vi que o tempo estava bom hoje e abri a janela para arejar um pouco para você."
"Ótimo, obrigada."
Ela sempre foi uma assistente atenciosa.
Passei a manhã entregando o que precisava ser entregue e organizando o que precisava ser organizado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Quem posso amar com o coração partido?