VALERIA
Ela virou as costas e finalmente foi embora, me deixando completamente sozinha, olhando para o nada e refletindo sobre suas palavras.
Levantei-me antes que anoitecesse; não queria ficar sozinha tão perto daquela floresta sombria.
Estava pendurando enormes lençóis brancos no varal, precisando subir em um banquinho para alcançar a corda e colocar os prendedores de madeira.
A brisa fria soprava, fazendo os lençóis ondularem e refrescando também minha mente.
Abaixei a cabeça para procurar mais prendedores no avental que usava, e quando levantei, o vi.
Do outro lado do lençol, a enorme sombra de um lycan estava de pé, sem dizer nada, e eu sabia muito bem que era ele.
O vento soprava vindo da floresta, soando como um lamento triste ao passar pelas árvores.
Fiquei alguns segundos olhando aquela presença poderosa e assustadora, sabendo que o Rei também me observava do outro lado.
Ele tinha todas as razões para estar bravo; como havia gritado, eu realmente não tinha o direito de tocar nos objetos preciosos de seus entes queridos.
Eu era apenas uma intrusa.
Virei as costas sem falar, como se não soubesse que ele estava ali, e caminhei de volta ao castelo, mergulhando naquele lugar sombrio que já não sabia se era meu lar ou minha prisão.
*****
No dia seguinte, voltei a ser apenas um móvel no quarto do Rei: sem falar, sem olhar, sem ouvir.
Limitei-me a fazer minhas tarefas mecanicamente. A tensão no ambiente era mais do que óbvia, e, na verdade, eu só queria ir embora, encontrar outra maneira de sobreviver.
Mas também me lembrei que estava sob um feitiço e que minha melhor chance de encontrar a cura era permanecendo próxima ao poder do Rei Aldric.
Lembrava-me bem da sensação de necessidade extrema que parecia me queimar por dentro, e não queria ser a presa de nenhum desgraçado em um daqueles ataques.
É melhor lidar com um mal conhecido do que enfrentar um desconhecido.
— Valeria, recebi um convite para visitar a alcateia de “Silver Lake”, e aproveitaremos para procurar pistas do próximo Altar. Prepare tudo para irmos em breve — disse ele enquanto eu terminava de arrumar a mesa do café da manhã. Assenti à sua ordem.
Peguei a bandeja e estava prestes a sair quando senti sua mão segurando meu braço, puxando-me para perto de seu peito.
— Espere, Valeria, precisamos conversar — seu hálito quente caiu sobre minha orelha, mas tentei dar um passo para o lado, afastando-me de seu domínio. Ele, no entanto, segurou-me firme, não permitindo que eu escapasse.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Rei Lycan e sua Tentação Sombria
Comprei o capítulo e não consigo ler porquê?...
Eu queria continuar lendo...