VALERIA
Fiquei paralisada diante das palavras de Quinn.
Ele continuou decifrando a mensagem, mas minha mente agora só pensava no que o Rei deve ter sentido quando seus filhos foram assassinados e ele mesmo tirou a vida de sua companheira.
Eu sei muito bem como é esse sentimento que rasga sua alma e só deixa a vontade de morrer.
Aldric teve algo ainda pior; eu nem mesmo carreguei muito tempo meu bebê no ventre. Ele segurou seus filhotes em suas mãos e amava sua mulher. Ela não o traiu como fizeram comigo, ela não merecia morrer.
Ela era sua companheira. Ele teve uma, com certeza uma fêmea linda que compartilhava sua cama, seus sonhos e sua vida.
Alguém que ele realmente valorizava, alguém que deu filhos a ele.
Por que me sentia tão amargurada por dentro?
Levantei a mão e toquei minhas cicatrizes. Nunca me importei com elas, mas agora, ao me comparar com uma pobre mulher que já faleceu, todo tipo de insegurança apertava meu coração.
"Tola, como pode se comparar a ela? Aldric nunca vai te ver dessa forma, não se iluda."
Repreendi a mim mesma e voltei a me concentrar no texto que já sabia quase de cor.
«Linda e misteriosa, intrépida e viva, a filha mais rebelde de seu pai. Era muito entediante apenas observar de longe suas criações. Tão vivos, tão complexos em si mesmos. Amavam, sofriam, odiavam e viviam cada dia como se fosse o último. Um desejo cresceu em seu coração, todas as noites apenas observando e desejando, até que decidiu um dia quebrar as regras e descer para brincar.»
Isso era o que contava no início do relato. Parecia falar de uma mulher e, depois, mais abaixo, apenas a descrição de um lugar que eu não conhecia.
Quinn estava mais interessado nessa parte. Parecia ser a localização de outro altar.
— Não entendo muito bem onde pode ser… — murmurava.
— Você errou aqui, não é lava, é água. Fala de um lugar com um grande lago ou algo assim – apontei, e ele ficou olhando o fragmento.
— Claro, claro! Como pude ser tão idiota? Deve ser naquela alcateia perto das cachoeiras! – exclamou feliz como uma criança e me surpreendeu de repente, segurando minha cintura e me erguendo.
— Você é incrível, Valeria, incrível! Obrigado! – ele me girou rindo.
A luz do sol se refletia em seus cabelos claros e seu sorriso era lindo e contagiante.
Apoiei-me em seus ombros para buscar estabilidade. Ia pedir para que me colocasse no chão, mas, ao olhar para a floresta, vi o homem que tem o dom de sempre chegar no momento mais suspeito.
Aldric nos observava com uma expressão assassina. Seus olhos frios cruzaram com os meus, que estavam cheios de pânico, e me senti como uma esposa infiel sendo pega no flagra.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Rei Lycan e sua Tentação Sombria
Comprei o capítulo e não consigo ler porquê?...
Eu queria continuar lendo...