Ao ouvir toda aquela conversa, Celina tapou a boca para conter o soluço que ameaçava escapar.
Ela sentiu a alma se despedaçar.
A tontura veio forte, e ela precisou segurar-se na parede.
Se Thor descobrisse sobre o bebê…
Ele a obrigaria a abortar também.
Celina sentiu o pânico tomar conta de seu corpo.
Ela não podia contar.
Não podia deixar que ele soubesse.
Seus olhos arderam, e as lágrimas voltaram a cair.
Virou-se e saiu correndo pelo corredor, sentindo o coração esmigalhado dentro do peito.
Seu filho nunca poderia saber quem era o pai.
E, assim, a decisão foi tomada.
Ela protegeria seu bebê.
Mesmo que isso significasse carregar esse segredo pelo resto da vida.
Ao entrar em sua sala apressada, fechou a porta atrás de si, encostando-se nela como se precisasse de apoio para não desmoronar.
Seu corpo tremia.
O peito subia e descia de forma descompassada.
Então, como se uma represa tivesse rompido, as lágrimas vieram.
Ela deslizou até o chão, cobrindo o rosto com as mãos, soluçando sem conseguir conter a dor avassaladora que tomava conta de si.
— O que eu vou fazer da minha vida? — sussurrou para si mesma, o desespero transbordando em sua voz.
Thor Miller era um monstro.
Um homem sem alma.
E agora ela carregava dentro de si um pedaço dele.
— Eu te odeio, Thor… — murmurou, entre lágrimas. — Eu te odeio mais do que tudo…
Sua mente repetia as palavras dele como um pesadelo:
"Se estiver grávida, vai abortar."
Celina sentiu uma pontada no ventre e automaticamente levou as mãos até ali, protegendo aquela vida que ainda era tão pequena, mas que já significava tudo para ela.
Respirou fundo, forçando-se a conter o choro.
— Não… não é mais hora de chorar.
Secou as lágrimas com as costas das mãos.
Nunca mais se permitiria sofrer por um homem. Nunca mais.
Principalmente agora que não estava mais sozinha.
Ela olhou para o próprio ventre e, com a voz embargada, sussurrou:
— Eu prometo… meu amor por você será eterno. Eu vou te dar tudo o que você precisa. Você nunca vai se sentir sozinho. Vai ter de mim todo o amor de pai e mãe…
Sorriu de leve, acariciando a barriga.
— Filho… ou filha, né?
O pensamento de que poderia ter uma menina fez seu peito se aquecer por um instante.
Com um último suspiro trêmulo, ela se levantou, foi até o banheiro e lavou o rosto. O espelho refletiu sua expressão cansada, os olhos vermelhos e inchados.
Mas ela se forçou a sorrir.
— Vai dar tudo certo.
E então, respirando fundo, voltou para sua mesa.
Uma hora depois, o telefone tocou.
— Senhora Bernardes — a voz fria de Thor ecoou do outro lado. — Já foram concluídas as contratações dos novos funcionários?
— Sim, senhor.
— Venha até minha sala. Agora.
A ligação foi encerrada sem outra palavra.
Celina sentiu um arrepio. Algo estava errado.
Quando entrou na sala de Thor, a visão a atingiu como um soco no estômago.
O ambiente estava um caos. Papéis espalhados pelo chão, canetas caídas ao acaso, a cadeira de couro tombada.
E no meio disso tudo, Thor Miller, em pé, de costas para ela, olhando pela enorme parede de vidro para a cidade movimentada.
— Com licença…— Disse Celina.
Thor não se virou.
— Você já organizou os arquivos do novo shopping?
— Estou concluindo.
Puxou o braço e saiu da sala antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa.
Assim que entrou em sua sala, soltou um suspiro trêmulo.
Ela não sabia quanto tempo aguentaria aquela situação.
Mas não tinha escolha.
Olhou o relógio. Já era hora do almoço.
Celina almoçou sozinha em seu restaurante de sempre.
Forçou-se a comer, mesmo sem fome. Não era por ela, era pelo bebê.
Quando terminou e se levantou para pagar a conta, o garçom, que sempre a atendia, sorriu e entregou-lhe um chocolate.
— É por conta da casa, senhorita. Para alegrar seu dia.
Celina ficou surpresa.
Havia tanto tempo que ninguém lhe fazia um gesto de gentileza.
Ela sorriu — um sorriso verdadeiro, que há muito tempo não aparecia em seu rosto.
— Obrigada…
— Tenha um bom dia. — Disse o garçom.
— Para você também.
Com o chocolate em mãos, Celina saiu do restaurante sentindo um calor estranho no peito.
Talvez… nem tudo estivesse perdido.
Ela voltou ao escritório e passou a tarde organizando os arquivos da construção do shopping.
Não viu Thor pelo resto do dia.
E agradeceu por isso.
Quando o expediente estava prestes a acabar, seu telefone tocou.
— Celina, estou te esperando no carro. Vamos para casa. — Tatiana avisou.
Celina sorriu.
— Obrigada, amiga. Eu não sei o que faria sem você.
Ela pegou suas coisas e saiu.
Naquela tarde, não precisou lidar com Thor.
E, por enquanto, isso era tudo o que importava.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...