O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 35

Thor a encarou, sério, o maxilar tenso.

— Exatamente. A gente mal se conhece. E mesmo assim, você mexe comigo de um jeito que me tira do eixo — disse, quase num desabafo impulsivo, mas em seguida se calou, como se tivesse falado demais.

Celina ficou imóvel por alguns segundos, surpresa com a sinceridade inesperada.

Thor voltou a falar:

— Você sempre parece estar escondendo alguma coisa — disse enfim, a voz mais baixa, carregada de algo que se parecia com frustração.

— E você sempre parece querendo controlar o que não tem direito — retrucou, com firmeza.

Houve um silêncio tenso entre os dois. Thor bebeu um gole do uísque. Celina voltou a comer, ainda que o apetite tivesse diminuído drasticamente.

Thor inclinou o corpo para frente, a voz baixa, mas cheia de veneno. — O que eu não entendo, Celina, é essa sua pose de mulher ferida, quando claramente... já seguiu em frente. Ou será que foi só uma noite também com ele?

Ela pousou os talheres sobre o prato com cuidado.

— Eu não tenho obrigação de dar satisfações da minha vida pessoal.

— Ah, não? — ele deu outro gole. — Acontece que a sua vida pessoal está bem ativa dentro da minha suíte, Senhora Bernardes.

Celina se levantou devagar, os olhos faiscando.

— Eu não te devo explicações, Thor. Nada do que aconteceu entre nós, dá direito a esse tipo de julgamento.

— Não? — ele se levantou também, encarando-a de frente. — Porque me parece que você não é tão indiferente quanto finge ser.

Ela deu um passo para trás, o coração acelerado, o rosto corado de raiva.

— Isso não é sobre mim, Thor. É sobre você. Sobre o fato de que, por alguma razão que nem você entende, está incomodado com algo que nunca deveria ter acontecido.

Thor a olhou em silêncio por alguns segundos. Seu rosto estava fechado, o maxilar travado. Mas em seus olhos havia mais do que raiva. Havia dúvida, confusão... e algo que ele se recusava a nomear.

Celina respirou fundo e disse:

— Eu vim aqui pra jantar em paz, Thor. E é o que eu vou fazer. Sozinha.

Ela pegou o prato e foi em direção ao quarto, deixando a mesa e o silêncio carregado para trás.

Thor permaneceu onde estava, olhando o copo com o uísque derretendo aos poucos.

Ele não sabia o que sentia. Só sabia que odiava não ter controle.

E que odiava ainda mais o fato de estar começando a se importar.

Thor sentou por um tempo, imóvel. A mandíbula travada. O peito arfando em silêncio, enquanto seus olhos fixavam o vazio à sua frente.

Não era raiva dela. Era dele. Pelo que sentia e não conseguia controlar. Pela forma como ela invadia sua mente, mesmo quando tentava se afastar.

Quando finalmente se levantou, foi como se cada músculo do corpo estivesse em tensão. Caminhou firme até o quarto. Abriu a porta e encontrou Celina sentada na cama, com o prato no colo, terminando de comer em silêncio. O olhar dela ergueu-se rapidamente quando sentiu sua presença, mas ele não disse nada. Apenas seguiu até o guarda-roupa, pegou uma muda de roupa, entrou no banheiro e fechou a porta.

Aquele olhar sério. O jeito como ela o encarava sem medo. Como o desafiava. Como o perturbava.

Thor tentou afastar a imagem. Voltou a beijar a mulher. Mas Celina estava lá de novo. Como uma sombra. Como uma presença inevitável.

Ele parou. Respirou fundo. E se afastou da cama, ficando de pé.

A mulher o olhou, confusa, o vestido descendo pelos ombros.

— O que foi?

— Me desculpa — ele disse, ainda ofegante. — Eu... preciso ir.

Ela franziu o cenho, surpresa e ofendida, mas Thor já estava vestindo a camisa, pegando a carteira e saindo da suíte como se estivesse fugindo de algo. Ou de alguém.

Na verdade, ele sabia exatamente de quem estava fugindo.

Voltou para o hotel onde estava hospedado. Subiu os andares em silêncio, com o peito apertado.

Abriu a porta da suíte com cuidado. A luz do quarto estava apagada, exceto pelo abajur suave ao lado da cama. Celina dormia. Encolhida. Como se quisesse se proteger do mundo.

Thor tirou as roupas, ficando apenas de cueca box. Aproximou-se da cama devagar. O coração batendo mais rápido do que deveria.

Deitou-se.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR