O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 33

O impulso de girar a maçaneta foi imediato. Queria ver se ela estava bem. Queria dizer… alguma coisa.

Mas então lembrou da briga. Do olhar que ela lhe lançou. Das palavras duras. Sentiu o peito apertar, a vergonha do próprio comportamento ainda latente.

Antes que decidisse abrir a porta, algo o distraiu: o toque do celular dela, vibrando sobre a cama.

Ele olhou sem intenção de se aproximar, mas o nome que apareceu no visor o fisgou:

"Gabriel."

Seu sangue ferveu. Ele ficou paralisado por dois segundos. O celular tocou até parar, e por um momento tudo ficou em silêncio — exceto pelo som do chuveiro, ainda constante.

Foi então que uma notificação apareceu na tela.

“Linda, estou com saudades.”

Thor pegou o celular sem pensar. Leu aquela frase e sentiu algo rasgar por dentro. Ficou parado por um momento, absorvendo o impacto. Seu peito se contraiu. Ele não tinha absolutamente nenhum direito de sentir nada, mas a sensação de desconforto foi inevitável.

Celina fora aventura de uma noite e pela ironia do destino, agora sua funcionária. Era uma mulher que ele não conhecia direito. Ainda assim, havia algo nela que... incomodava. Ou talvez fosse ele mesmo quem estivesse incomodado — com a própria reação.

Ele segurou o celular com força, como se quisesse quebrá-lo. Mas não fez nada. Apenas o colocou de volta na cama, exatamente onde estava, com calma ensaiada, os olhos vidrados, a respiração pesada.

Sem dizer uma palavra, ele deu meia-volta e saiu do quarto, fechando a porta com o máximo de silêncio possível.

No fundo, sabia que não era da sua conta.

Mas não conseguia ignorar.

Talvez estivesse começando a se importar. E isso, para alguém como ele, era mais perigoso do que qualquer mensagem enviada por outro homem.

Do lado de fora, ficou parado por alguns segundos perto da porta. O rosto sério, o maxilar travado.

A mente, em turbilhão.

Não era só sobre Celina.

Era sobre tudo.

Sobre ele.

Sobre perder o controle.

E talvez... sobre estar se apaixonando.

A névoa quente ainda subia do banheiro enquanto Celina enrolava o roupão branco em torno do corpo. O tecido macio abraçava sua pele, e o banho relaxante finalmente havia aliviado o enjoo e a tensão que carregava desde o início daquela tarde. Ela caminhou até a cama com passos calmos, os cabelos ainda úmidos caindo sobre os ombros.

Pegou o celular sobre a cama e viu a tela acender: uma chamada perdida e uma nova mensagem de Gabriel.

"Linda, estou com saudades."

Um sorriso suave nasceu em seus lábios. Era impossível ler aquela mensagem e não se sentir acolhida. Gabriel com aquele jeito gentil, presente. Mesmo sem saber de tudo o que estava acontecendo, ele conseguia atingi-la com uma ternura que aquecia seu peito.

Sentou-se na beirada da cama, respirou fundo e apertou o botão de chamada. O celular tocou apenas duas vezes antes de ser atendido.

— Oi, Linda — a voz dele soou do outro lado, calorosa, envolvente.

— Se for de alívio, deixa cair. Mas se não for... então deixa eu te fazer sorrir mais um pouco.

Os dois permaneceram em silêncio por um instante. Um silêncio confortável. Gabriel parecia respeitar cada espaço dela, e ao mesmo tempo, preenchia os vazios que ela nem sabia que tinha.

Na sala, Thor descia as escadas com passos lentos. A garrafa de uísque já estava vazia, o gosto amargo ainda em sua boca. Ele olhou para o corredor, na direção do quarto. A luz ainda estava acesa por baixo da porta. Havia silêncio... até que ele ouviu a risada de Celina.

Sua expressão se fechou.

Voltou até a porta, se aproximando sem fazer barulho. Encostou-se à parede do lado de fora, ouvindo agora apenas sussurros abafados. Seu maxilar travou. Pensou na mensagem de Gabriel mais cedo e no jeito que ela sorriu quando falou com ele no carro. Aquilo estava começando a incomodar mais do que gostaria de admitir.

De dentro do quarto, Celina dizia:

— Gabriel... você me faz bem. Nem sei como explicar, mas é como se o mundo ficasse um pouco menos pesado quando você está por perto.

Do lado de fora, Thor apertou os punhos. Ele sabia que não tinha o direito de se importar — afinal, ela era só sua funcionária. Mas por que, então, aquilo doía como uma pontada no estômago?

Ele se afastou da porta, calado, os pensamentos em turbilhão. Subiu de volta para o andar de cima sem fazer ruído, engolindo a raiva e a confusão que começavam a ferver dentro dele.

No quarto, Celina finalizava a ligação com um sorriso no rosto, sentindo-se mais leve.

— Boa noite, Gabriel.

— Boa noite, linda. Dorme com Deus.

Ao desligar, ela ficou ali por um momento, segurando o celular contra o peito, sem saber que, do outro lado da suíte, o homem que dizia não se importar, começava a sentir que a estava perdendo… mesmo sem nunca tê-la tido.

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