A maçaneta girou lentamente, como se quem estivesse do outro lado da porta hesitasse antes de entrar. Um ranger suave denunciou a abertura da porta do quarto. Zoe, encolhida na beirada da cama com os olhos vermelhos e inchados, levantou o rosto com certa dificuldade. Quando viu quem estava ali, seus olhos se encheram ainda mais de lágrimas.
— Amiga... — murmurou, com a voz embargada, levantando-se de súbito. Sem pensar, atravessou o quarto em poucos passos e abraçou Celina com força, como se aquele gesto fosse seu único elo com a sanidade.
Celina retribuiu o abraço com ternura, apertando Zoe contra o peito, mesmo com o barrigão de gravidez já bem avançado dificultando seus movimentos. Sua voz veio calma, firme, como a de alguém que está ali para sustentar o outro.
— Pode chorar, amiga... Estou aqui. Chora tudo que precisar. Eu te seguro.
Zoe apertou os olhos e desabou. Chorou como se cada lágrima lavasse a dor que a consumia por dentro. Seus ombros tremiam, os soluços tomavam conta de sua respiração. Depois de algum tempo naquele abraço silencioso, ela se afastou um pouco, enxugando o rosto com a manga da blusa. Seus olhos, ainda marejados, fitavam o rosto da amiga com surpresa e preocupação.
— O que você está fazendo aqui, Celina? — disse, com a voz embargada. — Você pode dar à luz a qualquer momento...
Celina segurou as duas mãos de Zoe e as apertou com carinho.
— Eu não poderia deixar minha irmã sozinha nesse momento. Você sempre esteve por mim, Zoe. Agora é minha vez.
As duas sentaram-se na cama. Zoe, ainda trêmula, baixou a cabeça e voltou a chorar, dessa vez com um som abafado e mais contido. Celina passou a mão carinhosamente nas costas da amiga, respeitando seu tempo. O silêncio durou alguns minutos, até que Zoe respirou fundo e começou a falar.
— Ele me enganou, amiga... o tempo todo... — A voz saiu num sussurro, como se admitir aquilo doesse mais do que lembrar.
Celina permaneceu calada, apenas apertou de leve a mão dela, sinalizando que estava ouvindo com o coração aberto.
— Desde a despedida de solteiro... ele estava estranho. Distante. Eu perguntei tantas vezes, sabe? Perguntei de verdade se tinha algo acontecendo... Mas ele sempre dizia que estava tudo bem.
Zoe olhou para frente, como se tentasse encontrar sentido no vazio à sua frente.
— E eu... eu quis confiar. Eu me joguei nesse casamento acreditando que estava construindo um futuro ao lado de alguém que me amava, que me respeitava... e ele destruiu tudo. Tudo.
Celina respirou fundo, emocionada.
— Eu sei, amiga. Mesmo quando você tentou esconder, quando tentou fingir que estava tudo bem... eu vi. E depois, quando desabafou, ficou claro o quanto você tentou, o quanto deu oportunidades para ele falar a verdade.
— E ele escolheu se calar — completou Zoe, com um fio de voz.
Ela então se levantou da cama, como se o peso do próprio corpo a incomodasse, e começou a andar pelo quarto.
— Ele não me deu escolhas. Ele tomou todas as decisões por mim. Saber de uma traição já é horrível, Celina... Mas o pior foi ele ter omitido. Ter me levado até o altar com um sorriso no rosto, enquanto escondia um passado que me feria. Ele tirou minha virgindade... e mesmo assim, continuou me enganando. Como ele pôde?
— Não tem justificativa — respondeu Celina com firmeza, os olhos marejados. — Você tinha o direito de saber, de decidir se queria seguir com isso ou não.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...