Celina continuava sentada na poltrona, estática, os olhos arregalados ainda tentando processar a cena que presenciara minutos antes. O coração batia acelerado, como se quisesse sair pela boca. O quarto do jatinho... Thor... e a aeromoça.
Ela levou a mão à cabeça, tentando conter a confusão. Por que aquilo a abalava tanto? Eles não tinham nada. Thor era apenas seu chefe. Um homem livre, capaz de fazer o que quisesse da própria vida. E ela? Ela foi apenas uma noite. Uma maldita noite de entrega que, para ele, provavelmente não significou nada.
As lágrimas começaram a cair antes que pudesse contê-las. Escorreram silenciosamente, quentes, carregando um misto de raiva, frustração e, acima de tudo, dor. Por que doía tanto?
O celular tocou em seu colo. A tela acendeu com o nome: César. Uma chamada de vídeo no W******p. Celina olhou para o aparelho como se fosse um inimigo e, sem hesitar, apertou para recusar. A última coisa que queria era ouvir a voz do homem que destruiu sua vida uma vez. Não agora. Não enquanto tentava juntar os cacos de si mesma.
Dentro do quarto do jatinho, a atmosfera era bem diferente.
Thor se afastou da aeromoça e cruzou os braços, encarando-a com frieza.
— Parabéns pela encenação — ele disse, a voz seca, fria como gelo. — Eu entendi perfeitamente o seu joguinho. Queria que a Celina visse. Queria que parecesse que transamos aqui, não é?
A aeromoça tentou manter o sorriso sedutor, mas falhou.
— Eu... não sei do que está falando, senhor Thor.
— Não banca a ingênua comigo. Você achou que podia manipular a situação, mas se esqueceu de uma coisa: eu vejo as pessoas como elas realmente são. E você não passa de uma vagabunda que passou pela minha cama.
Ela empalideceu.
— Thor, por favor...
— Cala a boca. Eu como a mulher que eu quero, na hora que eu quero. Você não significou nada. NADA. Eu precisava aliviar o estresse e você foi o que tinha aqui. Uma mulher barata demais. Melhor dizendo: sem valor nenhum, já que nem dinheiro você recebeu por isso.
A mulher caiu de joelhos diante dele.
— Por favor, não faz isso comigo. Me perdoa. Eu... eu sempre te satisfiz. Sempre fui discreta, não te dei problema...
Thor deu uma risada baixa, sombria, cruel.
— Discreta? Se isso fosse verdade, não teria armado esse circo. Mas quer saber? Acabou. Está demitida. A sua carreira? Morta. Enterrada. Nunca mais vai voar nem de asa delta.
— Não! Por favor, Thor! Eu imploro!
A aeromoça assentiu com a cabeça e se afastou com elegância ensaiada. Celina olhou para a janela do jatinho, os olhos marejados novamente. No fundo, tudo o que queria era sumir dali. E entender por que, mesmo sem compromisso, aquilo a fazia se sentir... destruída.
Quando a aeromoça deixou o quarto com o semblante pálido e o coração acelerado, Thor fechou a porta atrás dela e se encostou por alguns segundos, respirando fundo, só de calça de moletom cinza, os pés descalços no tapete macio. O silêncio pesado do ambiente contrastava com o turbilhão que tomava conta da sua mente. Eram pensamentos que batiam como tempestade dentro dele. Seus olhos estavam fixos no chão, mas sua mente estava longe, tentando decifrar o que de fato o estava incomodando tanto. Sem dizer uma palavra, ele caminhou até o banheiro da suíte do jatinho, tirou a calça e a cueca boxer com brusquidão e abriu o chuveiro.
A água quente caía com força sobre seu corpo, preenchendo o espaço com vapor, mas não era suficiente para lavar os pensamentos que o consumiam. Ficou ali por longos minutos, a cabeça baixa, os olhos fechados e o maxilar travado tentando entender o que, afinal, estava acontecendo com ele. Pensava em Celina, na expressão que viu no rosto dela — o olhar machucado, decepcionado. A dor era nítida. Por que aquilo o incomodava tanto? Eles não tinham nada. Ela era sua funcionária. Tinha sido só uma noite. Mas uma noite que ele não conseguia esquecer.
Passou as mãos pelos cabelos, ainda molhados, sentindo o peso de tudo e murmurou baixinho, quase como uma confissão sussurrada:
— Me perdoa, amor… — disse com a voz embargada, quase sem som.— Me perdoa, Karina.
A culpa o esmagava. Amar outra mulher parecia uma traição à memória de Karina. Mesmo que ela não estivesse mais ali, mesmo que o tempo tivesse passado, seu coração se recusava a abrir espaço para alguém novo. Se permitir sentir algo por Celina, deseja-la daquela forma… Era um absurdo. Era um erro. Era como apagar a história que viveu com a mulher que tinha perdido.
Desligou o chuveiro com um movimento brusco, ainda com o peito arfando. Pegou a toalha branca, grossa e macia, e começou a se secar lentamente, os músculos tensos, como se cada movimento exigisse esforço, como se quisesse acabar logo com aquele momento de fraqueza. Ao se encarar no espelho, a imagem que viu o incomodou. Seu reflexo parecia o de um homem em conflito — e era exatamente isso que ele era. — Enrolou a toalha na cintura e apoiou os dois punhos fechados na bancada de mármore, como se precisasse se segurar para não desmoronar.
— Que porra é essa que eu tô sentindo? — perguntou a si mesmo, encarando seu reflexo com raiva contida.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...