Por volta das onze da manhã de domingo, Celina abriu os olhos, espreguiçando-se lentamente na cama. O sol atravessava as frestas das cortinas, aquecendo o quarto com uma luz dourada. Ao seu lado, Zoe ainda dormia profundamente, com o rosto sereno apoiado no travesseiro. O silêncio no apartamento era acolhedor, como se o mundo lá fora tivesse adormecido também, respeitando aquele raro momento de paz.
O celular de Zoe vibrou sobre o criado-mudo, despertando-a suavemente. Ela se espreguiçou com um sorriso preguiçoso no rosto e alcançou o aparelho. Seus olhos brilharam ao ler a mensagem de Arthur:
"Bom dia, minha lindeza. Acho que você já deve ter acordado. Tenha um domingo leve e cheio de coisas boas. Beijo meu."
Celina notou o brilho nos olhos da amiga e, ao vê-la sorrir sozinha para o celular, não conseguiu conter o riso.
— Arthur, né? — perguntou com uma voz ainda rouca de sono.
Zoe riu, levemente corada.
— Ele é diferente, Cel... Não sei explicar. Ontem, mesmo com aquele clima de balada, teve algo nele que me deixou... segura. Como se ele realmente quisesse me conhecer, e não só... você sabe.
Celina sentou-se na cama, puxando o cobertor até os ombros e apoiando o queixo nos joelhos.
— Fico feliz por você, Zoe. Às vezes a vida nos surpreende quando menos esperamos. Ontem foi bom, né?
Zoe assentiu com entusiasmo.
— Foi ótimo! Você se soltou, dançou, riu... Você estava linda. Você precisa viver mais essas coisas, amiga.
Celina sorriu, mas havia um ar de espanto doce por trás daquele sorriso. Ela nunca fora do tipo de sair para boates, para a noite cheia de luzes piscando e música vibrando. Seus pais sempre foram super protetores, zelosos a ponto de moldar sua juventude com regras, receios e rotinas seguras. E, quando os perdeu, não teve tempo de descobrir o mundo. Mergulhou direto em César — um relacionamento que hoje ela tem clareza que foi controlador, sufocante. Viver algo novo, fora da sombra dele era libertador.
— Foi a primeira vez que me senti viva em muito tempo — ela confessou, com os olhos marejados.
Zoe se aproximou e a abraçou.
— É só o começo, Cel. Ainda tem muito mais pra vir.
Depois de um banho demorado e um café reforçado — com direito a frutas, pão e café passado na hora e suco, as duas decidiram passar o domingo juntas. Sem pressa, sem compromisso, apenas curtindo uma à outra. Zoe propôs cozinhar e, animada, preparou um almoço caprichado: arroz cremoso com cogumelos, salada colorida com molho cítrico e suco natural de maracujá com hortelã.
— Estou impressionada! — Celina disse, rindo enquanto experimentava a comida. — Isso tá maravilhoso!
— Fique comigo mais um tempo que eu te transformo em uma gourmet também — brincou Zoe.
A tarde se arrastou preguiçosa, pontuada por risos, lembranças de histórias antigas e uma maratona de séries que ambas amavam, mas nunca tinham assistido juntas. Sentaram no sofá com uma bacia enorme de pipoca no colo e o controle remoto disputado entre elas. A sala cheirava a vida simples e feliz, ao contrário da solidão e tensão dos dias anteriores.
Enquanto um episódio acabava e outro começava, o celular de Zoe tocou. Era Arthur.
— Vou atender no quarto, já volto — disse ela, com um brilho nos olhos.
Zoe ficou quase uma hora ao telefone, deitada na cama de Celina, rindo, trocando confidências e se deixando envolver por uma conexão que florescia com naturalidade. Quando voltou, os olhos dela estavam marejados de emoção.
— Ele quer me buscar na faculdade. Acredita amiga?
— Ele está mesmo interessado, hein? — Celina disse, sincera. — Isso é tão raro hoje em dia...
Zoe assentiu, visivelmente tocada.
— Hoje é dia de conforto e preguiça. Vou pedir um lanche que você vai amar. Nada de comida agora a noite. Só hoje vamos comer uma besteira.
Celina riu e concordou. Quarenta minutos depois, estavam as duas sentadas no chão da sala, com a mesa de centro tomada por embalagens, refrigerante, suco, batatas fritas e risadas.
Era quase meia-noite quando Zoe resolveu ir embora.
— Dorme aqui — Celina sugeriu.
— Hoje não. Amanhã tenho que trabalhar e não quero ir com essa mochila enorme. Vou ficar com preguiça de acordar mais cedo e passar em casa primeiro.
Celina a acompanhou até a porta.
— Obrigada por hoje, Zoe. Por esse final de semana incrível. Precisava disso mais do que imaginava.
Zoe a abraçou forte.
— E eu também. Dorme bem, Cel. Tô tão feliz de te ver assim, se reencontrando com você mesma.
A porta se fechou devagar. Celina encostou as costas nela e olhou ao redor do apartamento. Silencioso. Organizado. Com cheiro de bolo e saudade boa. Um domingo como aquele teria passado despercebido em outra época... mas agora, naquele momento de reconstrução, ele se tornava um marco.
Ela sorriu sozinha, caminhando em passos leves até o quarto.
Celina estava renascendo, aos poucos, mas com firmeza. E estava tudo bem.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...