O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 125

Depois que Celina leu a resposta de Tatiana, bloqueou a tela do celular. Apenas o pressionou contra a perna, respirando fundo. Estava pronta. Ou, pelo menos, era isso que queria acreditar.

Levantou-se da cadeira com leveza e foi até a pia segurando o copo, onde ainda continha o restante de seu suco de goiaba. Bebeu tudo de uma vez, sentindo o gosto doce e familiar descer pela garganta. Diferente do café amargo que muitos tomavam pela manhã, Celina preferia algo mais suave. O suco era quase um ritual — como se mantivesse algum traço da menina que havia sido um dia.

Em seguida, caminhou até o banheiro. Escovou os dentes novamente. Em frente ao espelho, ajeitou o cabelo que já estava preso num coque despojado, conferiu o delineado dos olhos e passou o batom rosado.

Foi até o quarto, abriu o guarda-roupa e pegou a bolsa de couro caramelo que usava em dias mais neutros. Dentro dela já estavam os essenciais: carteira, documentos, lenço, remédio de enjôo e um batom reserva. Lançou um último olhar ao quarto, como se checasse se algo ali ainda a segurava. Não havia nada.

Na cozinha, pegou o celular sobre a mesa e, por instinto, verificou a tela — nenhuma nova notificação. Caminhou até a sala, sentou-se no sofá, cruzou as pernas e, com calma, desbloqueou o celular. Abriu o aplicativo de transporte, digitou o endereço com cuidado, confirmando cada número, e em seguida apertou "confirmar corrida".

O carro chegaria em três minutos.

Sem pressa, levantou-se, girou a chave na porta e saiu do apartamento. Ao fechar a porta atrás de si, ouviu o clique firme do trinco — um som simples, mas que ecoou como se marcasse o início de algo novo.

Desceu os degraus com calma. Por morar no terceiro andar de um prédio sem elevador, gostava de fazer aquele trajeto sem correria.

No térreo, atravessou o pequeno hall e saiu pela porta de entrada do prédio. O carro já a aguardava. Um sedã preto, com os vidros levemente escurecidos. Entrou, deu bom dia, sentou ajeitando a bolsa no colo e passou o código de segurança.

O carro partiu, e logo o cenário ao redor começou a se mover, como se a cidade tentasse acompanhá-la.

Durante o trajeto, Celina olhava pela janela, mas seus olhos não se fixavam em nada. Internamente, seu pensamento oscilava entre lembranças e possibilidades. Era como se tudo que vinha tentando esconder de si mesma começasse a bater à porta. A dúvida, o incômodo, a vontade de mudar — tudo estava ali.

O celular vibrou.

Uma nova mensagem. Era de Zoe.

"Amiga, não esquece de pensar no que o Gabriel disse. Pode ser uma virada de chave pra você. Beijos."

Celina leu devagar. Por alguns segundos, apenas encarou a mensagem. Então, respondeu com um emoji de coração e uma frase curta:

"Estou pensando. Beijos."

E estava mesmo. Pensava em tudo que vinha acontecendo e nas decisões que teria que tomar.

O carro seguiu seu caminho entre avenidas movimentadas e ruas mais calmas. O som ambiente era discreto, o rádio tocava uma música instrumental baixa, e o motorista parecia entender que era uma manhã silenciosa.

Após quase trinta minutos, o carro encostou na calçada.

— Chegamos, senhora — disse o motorista com cortesia.

Celina assentiu, abriu a porta devagar e desceu do carro. Fechou a porta com cuidado e, ao dar os primeiros passos, sentiu o vento leve brincar com alguns fios soltos do seu cabelo.

Levantou os olhos.

Diante dela, o prédio.

Passou a mão levemente pelo colo, como se quisesse acalmar a si mesma. Sentia um calor subir pelo pescoço, como se o próprio corpo anunciasse o confronto que se aproximava. O elevador finalmente chegou ao último andar. Um “ding” mais grave, como um anúncio. As portas deslizaram para os lados com lentidão.

Celina deu um passo para fora.

O corredor era silencioso. Cada passo seu ecoava suavemente no ambiente luxuoso e frio. Caminhou em direção à porta ao fundo, onde uma recepcionista de blazer claro digitava algo no computador.

Ao passar pela jovem, nem sequer diminuiu o passo. A recepcionista levantou os olhos por instinto, surpresa com a aproximação decidida de Celina.

Quando estava prestes a alcançar a porta, Celina esticou a mão e segurou a maçaneta com firmeza. Nesse momento, a recepcionista se levantou da cadeira num salto e estendeu uma mão, tentando interromper o movimento:

— Senhora, a senhora precisa de autorização para entrar!

Celina não se virou. Apenas fechou os olhos por uma fração de segundo e respirou fundo. Não respondeu. Não hesitou. Ganhou força do próprio silêncio.

Girou a maçaneta.

A porta se abriu.

Uma voz masculina soou.

— Ora, ora… — disse a voz, num tom arrastado e irônico. — Se não é a senhora tempestade em pessoa.

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