Parte 2...
— Entender o que? - sua voz estava fraca e rouca.
— Tudo o que eu fiz... Pensei que fosse o melhor - ela engoliu em seco.
— Quem tem que... Decidir isso... Sou eu - ele falava com dificuldade — Eu não era um... Moleque - seu rosto mostrava sua decepção — Veja onde estou... O que eu perdi...
— Eu sei que...
— Não... Você não sabe de nada.
Ele a olhou feio e depois virou devagar a cabeça para Anelise.
— E você, Anelise? Não poderia... Ter tentado mais, ter me escrito, telefonado...
— Ela fez tudo isso... Mas eu escondi - Luiza puxou o ar, sentindo o corpo estremecer — Foi outro erro.
— Eu sei que poderia ter tentado mais - Anelise se aproximou — Mas eu era muito boba e medrosa - disse de modo suave e calmo — Fiquei com medo... Pavor... De algo acontecer com minha avó, dela perder a casa e ficar na rua largada... Medo de ser presa como sua irmã disse várias vezes.
Ele apertou as mãos e fechou os olhos. Sentia o corpo dolorido, mais a cabeça que parecia pesada ainda e estava um pouco tonto. Ele sentiu um toque em sua perna e abriu os olhos.
— Saia do quarto - disse olhando com raiva para a mãe.
— Não faça isso, Mathias - Anelise pediu por ela — É sua mãe. Tenha calma.
— Quero que saia - repetiu rouco.
— Não seja assim - ela balançou a cabeça — Quem sofreu fui eu - disse firme — Você não me queria de verdade, já começava a se enjoar de mim, eu era muito grudenta em cima de você o tempo todo. Foi só uma fase de desejo que passou - deu de ombro — Você conseguiu o que queria, se divertiu e não queria compromisso. Eu era só mais uma. Na verdade você aproveitou a armação de sua família para me mandar embora - torceu a boca — Elas erraram muito, mas você facilitou. Com certeza teve muitas companhias depois. Não queira culpar só as duas - cruzou os braços — Teve tanta culpa quanto elas.
Ele respirou fundo contraindo a mandíbula. Não era algo bom de ouvir, mas era verdade. Ou quase verdade.
— Eu não sabia que você estava grávida. Não teria...
— E daí, Mathias? - ela deu um passo à frente, gesticulando abrindo as mãos — Você não queria um compromisso sério. Se não me quis, vai dizer agora que iria querer meu filho?
— É... O seu marido quis - respondeu baixo.
— Ah... - ela elevou o queixo — E como ele quis. Ele amou meu Alan como se fosse dele - disse meio rouca pela emoção e querendo atingi-lo — Do momento em que eu o aceitei em minha vida, até sua morte, ele amou muito meu pequeno.
Mathias não podia se mover bem, abaixou um pouco a cabeça e cobriu o rosto com a mão, apertando os olhos. Se sentia mal fisicamente e seu emocional estava uma bagunça.
— Eu vou... Ficar aleijado?
— Não.
— Como você sabe?
— Porque eu tenho fé que vai. Os médicos são muito bons e você vai fazer tudo o que for possível para ficar bom logo - se inclinou para ele — Quero que veja as mudanças que vou fazer na sua empresa - disse para provocar, mas só para fazê-lo reagir.
— A empresa é minha - ele fez uma cara de dor ao se mexer.
— Não é mais - levantou — Já recebi a resposta dos sócios. E como a maior parte das ações estão em meu poder, eu já tinha vantagem mesmo.
— Eu vou brigar - ele avisou.
— Ótimo - ela piscou — Vai ter que estar bem para isso.
Ela se inclinou sobre ele de novo e depositou um beijo leve em sua testa. Mathias suspirou e fechou os olhos. Sentia falta desse toque delicado que só ela tinha.
— Senti sua falta - sua voz estava rouca pela emoção de tê-la ali — Juro que senti - confessou — Márcia me envenenou contra você - disse magoado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....