- Não mesmo. É uma menina que se acha dona de tudo e todos. E usa do poder da família para conseguir o que quer.
- E o garoto? É namorado dela?
- Vivem uma relação conturbada, mesmo tão jovens. Idas e vindas, relacionamento tóxico. Guilherme Bailey é o tipo de aluno que faz questão de ser reconhecido por seu péssimo comportamento. No entanto, as notas são boas.
- Guilherme Bailey... Eu já corrigi provas dele também. Escreve bons textos... Parece maduro para a idade. Quando eu leio as escritas dele, não parece que o jovem tem 14 anos.
- Ele tem 15. Ficou um ano longe da escola, pois morou com a mãe em outro país. Ela não o matriculou no exterior e o garoto perdeu um ano.
- Que mãe irresponsável.
- Sim... Mas Gui segue tirando notas boas... E tentando fingir que é um péssimo menino.
- Mas não é?
- Não, não é. Mas Rachel é uma menina difícil. Ambos são conhecidos por todos da escola, tanto alunos quanto professores.
- Casal popular. – Afirmei.
- Exato.
- Eu sinto muito por Rachel tê-lo envolvido nisso tudo. Mas ainda acho que deve se declarar para Lianna.
- Jamais eu conseguiria fazer isso.
- Convide-a para jantar... Faça a comida... Vai ser legal, você vai ver.
- Talvez um dia eu crie coragem.
Olhei no relógio:
- Eu vou indo... Quero que Melody pegue um pouco de sol.
- Vá... E me desculpe.
- Vamos esquecer isso, ok?
- Obrigado.
Andei até a praça. Não era tão perto, mas eu já estava acostumada com o trajeto, desde que Melody estava na minha barriga.
O sol estava fraco e a tarde com temperatura agradável, o que fazia com que tivesse bastante crianças usando o playground e famílias fazendo piquenique.
Passei um tempo debaixo de uma árvore frondosa, sentada, conversando com Melody e lendo histórias infantis para ela. Mesmo bebê, ela prestava atenção em tudo e reconhecia minha voz, sorrindo.
Quando o sol começou a se pôr, pensei em voltar. Mas mudei de ideia ao ver minha querida Min.
Min-Ji vinha mensalmente ver os filhos. E eu aproveitava este tempo para matar a saudade dela.
Abracei-a carinhosamente. Ela voltou-se para Melody, pegando-a no colo:
- Esta menina está cada dia mais linda. – Elogiou.
- Ela não tem nada a ver comigo. É a cara do pai, acredite.
- Vejo semelhanças com você quando era pequena.
Sentei novamente no banco e Min fez o mesmo, ainda com Melody nos braços.
- Eu soube que as tentativas de emprego não deram muito certo.
- Não mesmo, Min.
- Me diverti com cada demissão. Ri muito...
- Não vejo desta forma. Pelo contrário, me parecia que você era a preferida.
- Sim... Enquanto eu não tinha vez, nem voz e namorava Colin Monaghan, que era o amor da vida “dele”. Fico a pensar se realmente odeio Mariane. Afinal, ela me livrou de Colin. E ao mesmo tempo, também não consigo odiar Colin. Acha que sou muito boazinha?
- Sabrina, você não odeia Mariane, porque ela é sua irmã... E levou isso de uma forma mais tranquila porque não gostava de verdade de Colin.
- Talvez... Seria diferente se ela se envolvesse com Charles, por exemplo.
- Creio que sim.
- Porque saber que ela dormiu com Colin me feriu, mas ao mesmo tempo penso que rompi com ele e conheci Charles, o amor da minha vida.
- Mariane segue sozinha. Eu ainda não consigo entender o que fez ela e Colin dormirem juntos naquela noite e depois nunca mais se reencontrarem.
- Não que a gente saiba, Min.
- Sim, tem esta questão. Mas não percebo nenhum tipo de ligação entre eles.
Na semana seguinte, Do-Yoon me disse, quando chegou em casa:
- Acho que arranjei um emprego para você.
- Jura? – fiquei empolgada – Onde?
- Aqui em casa. Ofereci seus serviços de aulas particulares para alunos com dificuldade em Matemática.
- Aulas particulares? – quase não acreditei – Como não pensei nisso antes, Do-Yoon?
- Acho que agora vai dar certo, Sabrina.
- Sim, vai dar – olhei para Melody – Mamãe arranjou um emprego, docinho... E desta vez é de verdade.
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