Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 103

- Ela... Vai ficar no hospital?

- Só por precaução. Quem a atendeu foi um bom médico. Eu confio nele. Fizemos todos os exames que precisavam e está tudo certo com Medy.

A abracei com força, deixando as lágrimas agora rolarem de felicidade. Yuna me afastou e disse:

- Há quanto tempo você está chorando? Está péssima.

- Estou chorando há horas, minha amiga. Preciso ver minha bebê.

- Temos só um probleminha... Os quartos da Pediatria estão todos ocupados. Estávamos aguardando leito quando Medy encontrou um amigo por aqui.

- Um amigo?

- Sim... Então ela pediu para ficar no mesmo quarto que ele.

Suspirei e sorri:

- Medy sendo Medy. Como ela encontrar um amiguinho aqui no hospital?

- Vamos, ela quer vê-la.

- Posso ir junto? – Do-Yoon perguntou.

- Pode... Mas Lianna aguarda e entra depois que você sair. Já que Medy vai dividir o quarto, é melhor não enchermos de pessoas.

- Tudo bem. – Lianna consentiu.

Seguimos pelo corredor até o final, dobrando a direita quando chegamos ao final dele, sendo que havia também uma passagem pela esquerda. De lá, seguimos até o final, onde entramos na terceira porta à direita.

Assim que entrei, vi Melody na cama, a perninha para cima, engessada.

Corri até ela e a abracei, sentindo as mãozinhas quentes me envolverem e alisarem meus cabelos. Deixei meu nariz entre o pescoço dela, aspirando seu cheiro e me convencendo de que ela estava bem.

- Isso foi uma travessura, Medy. – Levantei a cabeça, dando-lhe repetidos beijos na bochecha.

- Não... Isso foi acidente. – Ela me corrigiu.

Alisei seu peito e olhei para a outra cama, sentindo meu coração dar um salto:

- Gui?

Ele acenou-me, sorrindo:

- Oi... Professora Sabrina.

- O que... Você está fazendo aqui?

Ele mostrou-me os braços machucados, cheios de hematomas e um dos lados completamente esfolados. Fui até ele, pegando sua mão e olhando com atenção:

- O que aconteceu com você?

- Gui caiu de skate. – Melody explicou.

Vi o quão ferido ele estava. Toquei seu rosto, com um corte profundo no maxilar e a boca inchada:

- Seu idiota... Como não se cuidou?

- Me choquei contra um carro...

- Meu Deus! Você poderia ter morrido! – O abracei, sem me dar em conta de que Yuna e Do-Yoon estavam ali.

Senti as mãos quentes dele nas minhas costas e me afastei rapidamente:

- Você disse... Que ela encontrou um amiguinho... – Me justifiquei para Yuna, como se aquilo bastasse.

Ela arqueou a sobrancelha, confusa:

- Não... Eu disse um amigo. E só deixei que os dois ficassem juntos porque sei que se conhecem. – Os olhos dela me fuzilaram.

- Professor Do-Yoon... Olá. – Gui cumprimentou.

- Ferimentos feios, garoto. – Disse Do-Yoon.

- Sim...

- Está sozinho aqui? Sua família sabe o que houve? – O professor perguntou.

- Sim. Minha mãe está aqui.

- Não estou vendo-a.

- Ela foi buscar algumas coisas em casa. Vai passar a noite comigo. – Ele explicou.

Ok, não fique nervosa, Sabrina. Você vai passar a noite com sua quase “sogra”, se não fosse Charles aparecer de novo.

Charles?

- Está me dizendo que não viu o homem por cinco anos e tudo que tinha que lhe dizer era que ele era pai... No entanto você transou com ele, no meio do show e não disse a verdade?

- Não deu tempo... Fomos interrompidos. Ele me pediu para esperar... Então você ligou e...

- Que droga, Sabrina! O que você tem na cabeça? Ou melhor, no meio das suas pernas... Que dormir com um homem é mais importante do que lhe dizer a verdade? É a sua filha, mulher!

- Minha... E de Charles... E nós dois é uma explosão, Yuna... Entende? Não conseguimos ficar juntos sem nos tocarmos. Eu fico completamente fora de mim quando estou perto dele. É como se ele fosse o fósforo e eu a gasolina.

- Isso é muita “putisse”.

- “Putisse”? Deus, você tem noção do que disse? Esta palavra nem existe no dicionário.

- Sim, existe no dicionário informal. Quer dizer “frescura”.

- Eu não sou fresca...

- Só pensa em sexo.

- Você que é anormal, que não pensa nisso.

- Falou a mulher que ficou cinco anos sem fazer sexo. Eu pelo menos fiz neste tempo.

- Então não faço “putisse”, pois esperei pelo pai da minha filha, porra!

- Eu não disse “putisse” no sentido de puta.

- Você nem gosta de sexo, Yuna. Por isso não entende. Sabe com quem você daria certo? Com Colin.

- Seu ex?

- Sim, porque vive me dando lição de moral... No entanto não se dá ao direito de viver a sua vida, como se trabalho fosse tudo que se há para fazer.

- E é... E tem noção que está prestes a perder o seu por “putaria”. E sim, agora eu não disse “putisse”. Qual é a sua com o “amiguinho” de Medy? Ele é seu aluno, Sabrina.

A porta se abriu e Do-Yoon nos olhou seriamente. Olhou para uma e depois para a outra:

- “Putisse” não existe no dicionário. E só para constar, não existe “dicionário informal”.

- Desde que parte vocês ouviram? – Perguntei, com o rosto ruborizado.

- A voz de vocês começou a se alterar depois da “putisse”. E só para lembrá-las, estão num Hospital, senhora médica e senhora professora. Se deem ao respeito, por favor. Temos um adolescente e uma criança deste lado da porta.

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