- Ela... Vai ficar no hospital?
- Só por precaução. Quem a atendeu foi um bom médico. Eu confio nele. Fizemos todos os exames que precisavam e está tudo certo com Medy.
A abracei com força, deixando as lágrimas agora rolarem de felicidade. Yuna me afastou e disse:
- Há quanto tempo você está chorando? Está péssima.
- Estou chorando há horas, minha amiga. Preciso ver minha bebê.
- Temos só um probleminha... Os quartos da Pediatria estão todos ocupados. Estávamos aguardando leito quando Medy encontrou um amigo por aqui.
- Um amigo?
- Sim... Então ela pediu para ficar no mesmo quarto que ele.
Suspirei e sorri:
- Medy sendo Medy. Como ela encontrar um amiguinho aqui no hospital?
- Vamos, ela quer vê-la.
- Posso ir junto? – Do-Yoon perguntou.
- Pode... Mas Lianna aguarda e entra depois que você sair. Já que Medy vai dividir o quarto, é melhor não enchermos de pessoas.
- Tudo bem. – Lianna consentiu.
Seguimos pelo corredor até o final, dobrando a direita quando chegamos ao final dele, sendo que havia também uma passagem pela esquerda. De lá, seguimos até o final, onde entramos na terceira porta à direita.
Assim que entrei, vi Melody na cama, a perninha para cima, engessada.
Corri até ela e a abracei, sentindo as mãozinhas quentes me envolverem e alisarem meus cabelos. Deixei meu nariz entre o pescoço dela, aspirando seu cheiro e me convencendo de que ela estava bem.
- Isso foi uma travessura, Medy. – Levantei a cabeça, dando-lhe repetidos beijos na bochecha.
- Não... Isso foi acidente. – Ela me corrigiu.
Alisei seu peito e olhei para a outra cama, sentindo meu coração dar um salto:
- Gui?
Ele acenou-me, sorrindo:
- Oi... Professora Sabrina.
- O que... Você está fazendo aqui?
Ele mostrou-me os braços machucados, cheios de hematomas e um dos lados completamente esfolados. Fui até ele, pegando sua mão e olhando com atenção:
- O que aconteceu com você?
- Gui caiu de skate. – Melody explicou.
Vi o quão ferido ele estava. Toquei seu rosto, com um corte profundo no maxilar e a boca inchada:
- Seu idiota... Como não se cuidou?
- Me choquei contra um carro...
- Meu Deus! Você poderia ter morrido! – O abracei, sem me dar em conta de que Yuna e Do-Yoon estavam ali.
Senti as mãos quentes dele nas minhas costas e me afastei rapidamente:
- Você disse... Que ela encontrou um amiguinho... – Me justifiquei para Yuna, como se aquilo bastasse.
Ela arqueou a sobrancelha, confusa:
- Não... Eu disse um amigo. E só deixei que os dois ficassem juntos porque sei que se conhecem. – Os olhos dela me fuzilaram.
- Professor Do-Yoon... Olá. – Gui cumprimentou.
- Ferimentos feios, garoto. – Disse Do-Yoon.
- Sim...
- Está sozinho aqui? Sua família sabe o que houve? – O professor perguntou.
- Sim. Minha mãe está aqui.
- Não estou vendo-a.
- Ela foi buscar algumas coisas em casa. Vai passar a noite comigo. – Ele explicou.
Ok, não fique nervosa, Sabrina. Você vai passar a noite com sua quase “sogra”, se não fosse Charles aparecer de novo.
Charles?
- Está me dizendo que não viu o homem por cinco anos e tudo que tinha que lhe dizer era que ele era pai... No entanto você transou com ele, no meio do show e não disse a verdade?
- Não deu tempo... Fomos interrompidos. Ele me pediu para esperar... Então você ligou e...
- Que droga, Sabrina! O que você tem na cabeça? Ou melhor, no meio das suas pernas... Que dormir com um homem é mais importante do que lhe dizer a verdade? É a sua filha, mulher!
- Minha... E de Charles... E nós dois é uma explosão, Yuna... Entende? Não conseguimos ficar juntos sem nos tocarmos. Eu fico completamente fora de mim quando estou perto dele. É como se ele fosse o fósforo e eu a gasolina.
- Isso é muita “putisse”.
- “Putisse”? Deus, você tem noção do que disse? Esta palavra nem existe no dicionário.
- Sim, existe no dicionário informal. Quer dizer “frescura”.
- Eu não sou fresca...
- Só pensa em sexo.
- Você que é anormal, que não pensa nisso.
- Falou a mulher que ficou cinco anos sem fazer sexo. Eu pelo menos fiz neste tempo.
- Então não faço “putisse”, pois esperei pelo pai da minha filha, porra!
- Eu não disse “putisse” no sentido de puta.
- Você nem gosta de sexo, Yuna. Por isso não entende. Sabe com quem você daria certo? Com Colin.
- Seu ex?
- Sim, porque vive me dando lição de moral... No entanto não se dá ao direito de viver a sua vida, como se trabalho fosse tudo que se há para fazer.
- E é... E tem noção que está prestes a perder o seu por “putaria”. E sim, agora eu não disse “putisse”. Qual é a sua com o “amiguinho” de Medy? Ele é seu aluno, Sabrina.
A porta se abriu e Do-Yoon nos olhou seriamente. Olhou para uma e depois para a outra:
- “Putisse” não existe no dicionário. E só para constar, não existe “dicionário informal”.
- Desde que parte vocês ouviram? – Perguntei, com o rosto ruborizado.
- A voz de vocês começou a se alterar depois da “putisse”. E só para lembrá-las, estão num Hospital, senhora médica e senhora professora. Se deem ao respeito, por favor. Temos um adolescente e uma criança deste lado da porta.
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