Ficar ou correr? romance Capítulo 792

Ao pensar nisso, não consegui evitar uma risada amarga. “Eles pensaram em tudo, não é?”

Pedro fez uma careta de raiva. “Algo assim nunca mais vai acontecer.”

Eu me aninhei nele, confiante de que ele investigaria isso a fundo. “Se conseguir descobrir quem foi, gostaria de conhecer a pessoa!”

Pedro resmungou. Seu olhar frio voltou. “Cuide de si mesma e deixe o resto comigo.”

Não estava com vontade de voltar a dormir agora que estava acordada; talvez fosse porque eu tinha dormido tanto que estava enjoada disso. “Não são muitas as pessoas que me odiariam a ponto de planejar meu assassinato. E as que teriam coragem de realmente tentar são ainda mais raras.”

Não conseguia imaginar quem teria essa audácia.

Nicole entrou no quarto. Seus olhos pareciam inchados, como se ela tivesse chorado por um longo tempo.

Ao me ver sentada na cama, ignorou Pedro e correu até o meu lado, lançando-se sobre mim. “Finalmente você acordou”, disse, soluçando. “Você dormiu por três dias inteiros! Pensei que tinha me deixado para trás e não queria mais me levar para a Nova Itália.”

Foi doloroso para meu corpo ainda frágil ser abraçada por duas pessoas ao mesmo tempo.

Foi uma sorte que Adriano chegou a tempo de afastar Nicole de mim. “Ela acabou de acordar. Você está pensando em nocauteá-la de novo?”, repreendeu.

“Que absurdo!” Ela o empurrou, indignada. “A Scarlet está bem. Sempre estará.”

Ela enxugou as lágrimas. “Sinto muito, não sabia que era alérgica a gergelim”, disse, com culpa. “Se eu soubesse que o queijo matcha tinha aquela quantidade de gergelim, preferiria morrer a causar essa reação em você!”

Eu ri e lhe dei um tapinha na mão. “Não é sua culpa. Foi minha por não ter percebido isso antes. De qualquer forma, foi um acidente!”

Nicole ainda se sentia culpada. “Se não tivesse tido essa reação alérgica, não teríamos vindo para o hospital e você não teria sido sequestrada. A culpa é toda minha. Se pegarmos o homem que fez isso com você, eu mesma o mato!”

“Vocês o pegaram?” Adriano virou-se para Pedro e perguntou.

Ele mordeu os lábios e lançou um olhar.

Nicole não entendeu. “Você não conseguiu ver como ele era pelas câmeras de segurança? Mesmo que estivesse de máscara, já teriam encontrado ele! Já se passaram três dias!”

“Houve uma troca”, Pedro explicou. “O homem que levou Scarlet para o necrotério não era o mesmo que administrou o sedativo.” Ele franziu a testa, pensativo. “O homem que chegou ao necrotério fez de tudo para evitar as câmeras.”

Adriano ficou em silêncio por um momento. “Então a trilha de evidências termina aqui?”

Pedro não disse nada, mas me deu um leve tapinha nas costas.

Pude perceber pelo seu rosto que ele estava determinado a me deixar descansar por mais alguns dias. Pensando na Vila Lavelian, fiquei séria. “Alguma pista sobre o caso da Vila?”

Lembrei-me de que ele mencionou considerar retirar seu envolvimento.

“Mais um obstáculo. Não acha que estou realizando o desejo de alguém ao desistir e ir embora?”

Seu significado foi se revelando lentamente para mim. “Você acha que foi a mesma pessoa?”, perguntei, com os olhos arregalados.

O roubo na base, a queda da Nicole e as inúmeras tentativas contra minha vida. Esses eventos pareciam não estar relacionados, mas, ao analisá-los mais de perto, pareciam interligados para servir a um propósito maior.

O roubo na base atrasaria a coletiva de imprensa. O acidente da Nicole interromperia o projeto.

Se eu não saísse do necrotério viva, Pedro traria meu corpo de volta para a Nova Itália e nunca mais pisaria em Antares. Aceitar o projeto na Vila Lavelian estaria fora de questão.

Ao chegar a essa conclusão, ainda havia algo que eu não entendia. “Tudo isso foi para prejudicar os Menezes ou os Carvalho?”

Pedro não se apressou em responder. Seu olhar caiu sobre a tigela de sopa à minha frente. “Devo te alimentar?”, perguntou, suavemente.

Dei mais algumas colheradas. “Tudo bem, já comi. Conte-me mais.”