Ficar ou correr? romance Capítulo 1313

Quase pulei da cadeira com a declaração repentina dela.

“Claro!”, respondi com uma risadinha. “Você vai precisar ficar muito forte para poder proteger não apenas a si mesma, mas também todas as pessoas que ama, está bem?”

“Sim, mamãe! Eu ficarei!”, Suelen prometeu com toda a paixão e otimismo do mundo, como se realmente acreditasse que a qualquer momento se transformaria em uma super-heroína.

Apenas sorri para ela, desejando de coração que seu desejo um dia se tornasse realidade.

Não havia misericórdia neste mundo. A única maneira de proteger tudo o que você ama era ficando cada vez mais forte. Eu não sabia por quanto tempo conseguiria proteger meus filhos, então rezava todos os dias para que, quando eu morresse, eles pudessem se defender sozinhos.

Depois de levar a Suelen para casa, onde a Heloísa ficaria tomando conta dela, Marcelo e eu saímos para encontrar o João.

Nos sentamos no lugar mais visível do café. Assim que o garçom trouxe nossas bebidas, as portas de vidro se abriram lentamente e João entrou.

Nossos olhares se cruzaram, e vi finalmente por mim mesma o quanto ele havia mudado desde a última vez em que o vi.

O rosto dele estava bem mais redondo e estava deixando uma barba desleixada crescer. As sobrancelhas também estavam propositalmente tingidas de cinza-claro, provavelmente numa tentativa de esconder sua identidade. Se não tivesse vindo diretamente até nós e se sentado à nossa mesa sem hesitar, jamais teria percebido as semelhanças entre esse homem e o bonitão de rosto anguloso que eu conhecia.

O que seguiu rapidamente após o choque inicial foi uma sensação avassaladora de desprezo.

Depois de três anos de prisão, tudo o que João havia perdido eram parte de sua forma física e a aparência de ‘bom moço’, enquanto Suelen quase perdeu a vida. Além disso, todos os outros que, sem saber, se envolveram em seus esquemas e adoeceram devido à poluição química também tiveram suas vidas destruídas por ele.A vida é realmente injusta e desleal.

“Já faz um tempo”, João foi o primeiro a quebrar o silêncio. Sua voz agora estava rouca e grave, e pude perceber um vestígio de humor cruel e cínico nos olhos dele.

Eu já tinha sido enganada e manipulada por ele muitas vezes antes por causa dessa aparência inocente.

“Gostaria que tivesse durado mais”, respondi brevemente.

“Ah, é mesmo?”, João deu uma risada. “Vamos ver o que o tribunal tem a dizer sobre isso quando eu mandar os nossos DNAs para um teste de paternidade.”

Meu coração ficou apreensivo.

Ele tinha razão. Depois de passar tanto tempo se infiltrando na escola de Suelen, seria muito fácil para ele pegar um fio de cabelo ou um pedaço de unha dela. Ele sabia que um dia seria exposto, então fez preparativos para poder se aproximar dela legalmente.Toc! Toc! Os nós dos dedos de Marcelo bateram na mesa para chamar a atenção de João.

“

Melhor cuidar com o que fala”, ele ameaçou, com um olhar agressivo. “Aqui não é a Cidade de Augusta, nem a prisão. Não tem ninguém para te proteger.”

Marcelo nunca foi um homem gentil, e podia ser tão intimidador que crianças choravam só de vê-lo, se quisesse. Mas João parecia indiferente, virou a cabeça e encarou Marcelo de volta, com um sorriso zombeteiro.

“Entendi. Você tem conexões infinitas em Nova Itália e pode fazer qualquer um desaparecer da face da terra.”