Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 373

Foi o irmão dela quem deu o presente para a Bia.

Letícia bufou baixinho em pensamento. Então ele não era tão bruto assim... Sabia jogar com sutileza.

Com certeza tinha ouvido o que Bia disse no final da ligação, ou então já conhecia o suficiente para saber que ela nunca aceitaria um presente vindo diretamente dele. Por isso, escolheu esse caminho todo indireto.

Do outro lado da mesa, Beatriz observava a amiga com um olhar cada vez mais confuso. Primeiro, ela parecia desconfiada. Depois, ficou toda séria. Agora, estava sorrindo de um jeito estranho.

Beatriz franziu o cenho.

— Se tá tudo certo com a bolsa, por que essa sua cara...? — Perguntou.

— Ah, é que eu tô feliz. — Letícia respondeu com um sorriso que mal escondia a ironia. — Bia, parabéns! Você é mesmo a maior sortuda do dia!

Beatriz olhou de novo para a bolsa. O design, o acabamento, o brilho... Ela realmente tinha gostado. O comentário de Letícia finalmente despertou nela uma alegria genuína, ainda que um pouco tardia. Aquilo sim era uma surpresa boa de verdade.

As duas continuaram a tarde tomando café e conversando, enquanto Letícia digitava algo no celular por baixo da mesa, uma mensagem provocativa, enviada direto para o irmão, com um tom bem debochado.

Naquele momento, na loja...

A gerente já tinha voltado e, como combinado, ligou para o chefe para avisar que a entrega havia sido concluída.

— E a expressão dela? Parecia que gostou? — Perguntou Gabriel, do outro lado da linha.

— Perdão, Sr. Gabriel. Eu não fiquei na mesa quando ela abriu a caixa. O senhor pediu discrição, então achei melhor não prolongar a presença. Não queria que desconfiassem de nada. — Explicou a gerente, com profissionalismo. — Mas, pelo susto e pela surpresa no rosto dela ao receber o presente, posso dizer com segurança que ela gostou, sim.

Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos. A gerente havia pensado em tudo. Se Beatriz aceitou o presente, ele também não podia esperar muito mais do que isso.

No fim das contas, agora tinha que agir como se fosse um rato se escondendo nos cantos, mandando presentes às escondidas, como se tivesse algo a esconder.

— Já providenciei o pagamento. Valor total, à vista. — Disse ele, enfim.

— Perfeito, Sr. Gabriel! Sempre que precisar, pode contar comigo. Farei questão de lhe prestar o melhor atendimento possível. — Disse a gerente, com o mesmo tom impecável que usara com a ganhadora.

Após desligar a chamada, dentro da loja...

— Então... Ele era mesmo o motorista do chefão? — Murmurou uma das vendedoras, ainda em dúvida.

— Nem parecia. E nem apareceu junto com aquelas duas moças... — Comentou outra.

Traços delicados, harmoniosos. Mesmo sem maquiagem, já era de uma doçura e leveza naturais.

Cabelos longos ou curtos, tanto fazia. Vestidos formais, terninhos ou looks casuais femininos, tudo caía perfeitamente nela. Qualquer estilo parecia feito sob medida para ela.

Gabriel olhava cada foto com atenção, como se estivesse tentando absorver cada detalhe. Como se quisesse esculpir a imagem dela na memória.

Mas, junto com a admiração, vinha a dor. Uma dor profunda, silenciosa.

Porque ele a machucou.

Mesmo que o incidente do gás não tivesse sido proposital, mesmo que ele não fosse diretamente o responsável, não conseguiu salvá-la a tempo.

E ainda teve o ferimento no pé... A fratura... E o absurdo de ter deixado que ela, doente, ainda preparasse refeições para ele e para Vitória...

Cada uma dessas lembranças pesava sobre ele como uma corrente.

E ele sabia: não podia se isentar de nada disso.