Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 345

Os pratos já haviam sido pedidos e, assim que o garçom saiu, Letícia se virou para Beatriz:

— Bia, você não precisava gastar tanto. Era só levar meu irmão num restaurante simples.

Beatriz pensou consigo: “Um restaurante simples... Não está à altura do Sr. Eduardo.”

Eduardo não era qualquer um. Era o presidente do Grupo Martins. Um homem que lhe prestara um grande favor. Se ela fosse econômica demais no agradecimento, não seria ele o primeiro a reparar e comentar.

Desde o início, preferia manter distância respeitosa dessa figura difícil de lidar. Por isso, em tudo que fazia, procurava ser impecável, tanto nas palavras quanto nas atitudes, evitando ao máximo dar qualquer brecha para novas provocações.

— O Sr. Eduardo me ajudou demais. Eu precisava agradecer de forma adequada. — Respondeu Beatriz à amiga. — Um gesto de gratidão precisa ter um mínimo de sinceridade.

Letícia sorriu.

— Tá vendo? Você é sempre cuidadosa em absolutamente tudo.

Do outro lado da mesa, Eduardo estava largado no assento de couro. O braço direito repousava no encosto.

Enquanto as duas conversavam, o olhar dele pousava naturalmente sobre Beatriz.

— Tanto fala em gratidão... Mas até agora não ouvi nenhum “obrigada” de verdade. — Provocou ele.

Beatriz virou-se para ele. Endireitou a postura e respondeu com seriedade:

— Sou muito grata pela ajuda, Sr. Eduardo. Sem o senhor, o processo não teria corrido tão bem. Agradeço por ter dedicado seu tempo e energia mesmo com tantos compromissos.

Eduardo ouviu aquela fala perfeita, praticamente um discurso institucional. As sobrancelhas arquearam-se levemente enquanto ele a observava.

Aquela expressão concentrada e formal...

Sua irmã tinha razão numa coisa: Beatriz realmente era meticulosamente educada.

Mas ele era do tipo que não resistia a cutucar.

— Agradecimento recebido. Mas me diga: se eu não tivesse cobrado, você ia deixar passar batido?

Beatriz, com a calma típica de quem sabe sair de uma situação com classe, respondeu:

Na cabeça dela, todas aquelas recomendações que dera ao irmão na sexta, sobre se comportar direito, tinham sido solenemente ignoradas.

E no escritório, ele nunca falava assim com as funcionárias... Ou será que já falou, só que ela não sabia?

— Beatriz, me diz você. Eu te coloquei em alguma situação desconfortável? Fui duro demais contigo?

Beatriz pensou: “Você sabe muito bem que eu não posso dizer que sim... Então, isso ainda não conta como mais uma forma de me encurralar?”

— Fui rude? Te dei uma bronca? Fiz alguma cara feia, olhei torto?

Beatriz manteve um sorriso puramente profissional e respondeu com calma:

— Não, senhor. Nenhuma dessas coisas.

Ela até pensou em dizer algo elogioso para suavizar, mas Letícia se adiantou:

— Tá vendo?! Aí, de novo! Você joga a responsabilidade na Bia. A pergunta era pra você, não pra ela! Acha mesmo que a Bia vai dizer, na sua cara, que você tá sendo insuportável? Mesmo que fosse verdade, ela nunca ia admitir. Vai continuar te poupando, só por educação.

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