Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 295

Os advogados de Gabriel se entreolharam, trocando olhares discretos, sem saber exatamente o que dizer.

“Até o Sr. Henrique havia se pronunciado a favor do divórcio e, mesmo assim, o Sr. Gabriel ainda insistia em recorrer?

Era óbvio que não havia mais esperança.”

Mas, claro, isso era algo que só podiam pensar em silêncio. Se o cliente queria entrar com recurso, eles só tinham que preparar os documentos da melhor forma possível.

Ainda por cima, um processo que parecia ganho desde o início... E eles perderam. Como advogados de renome, era difícil encarar esse vexame.

Mas, honestamente, nem podiam ser totalmente culpados por isso. Até certo ponto, havia chances de vitória contra o advogado da outra parte. Bastava negar tudo com firmeza, fazer vista grossa e, quem sabe, dar um jeitinho para influenciar discretamente o juiz. O resultado poderia ser outro.

O problema foi que ninguém esperava pela intervenção do Sr. Henrique. E, dentro da família Pereira, o peso da palavra dele ainda era bem maior do que o do próprio Gabriel. Como lutar contra isso?

No fim, não havia a quem reclamar. Gabriel não podia jogar toda a culpa neles.

Se queria recorrer, que recorresse. Pelo menos isso mostraria que estavam fazendo sua parte e poderiam dizer que tentaram de tudo. Mas, no fundo, todos sabiam: a chance de reverter era quase nula.

Do lado deles, os advogados já estavam organizando os papéis e dando início ao processo de apelação.

Enquanto isso, do outro lado...

Leonardo estava radiante. Cumprimentou o mordomo da família Pereira com um sorriso satisfeito.

Tinha sido uma verdadeira maratona de argumentos, sua garganta estava quase em frangalhos — mas o mais importante: ele venceu.

— Muito obrigada, Dr. Leonardo. E obrigada também ao senhor, vovô. — Agradeceu a Beatriz aos dois, com sinceridade.

— Não precisa agradecer, Srta. Beatriz. — Respondeu o mordomo, sorrindo gentilmente.

Quase deixou escapar o velho hábito de chamá-la de “Sra. Pereira”.

— O Sr. Henrique não pôde vir pessoalmente por questões de saúde. Ele está muito desapontado com o comportamento do Sr. Gabriel. Está furioso, na verdade. — Disse o mordomo.

— O Sr. Henrique está doente? — Perguntou Beatriz, com preocupação.

— Não é nada grave. Mas, nesses últimos dias, passou mal de tanto nervoso... O Sr. Gabriel se recusou a ouvi-lo. O Sr. Henrique pediu que ele desistisse do recurso, mas ele nem atendeu as ligações. — Explicou o mordomo, suspirando.

Com isso, ficava claro que a família Pereira havia feito a sua parte. Tentaram impedir, tentaram evitar, tentaram interceder.

Ela pegou o buquê com cuidado e, mais uma vez, agradeceu:

— Foi tudo graças ao seu trabalho, Dr. Leonardo. As provas que você conseguiu foram decisivas. Eu ganhei por sua causa. E também gostaria de pedir desculpas, mais uma vez, por ter sido ríspida com você quando nos conhecemos. Julguei pela aparência… e estava completamente errada. Você é um excelente advogado.

Leonardo abriu um sorrisão de orelha a orelha.

Nada no mundo agradava mais um advogado do que o reconhecimento sincero de um cliente. Aquilo era mais do que um elogio, era a consagração da sua competência. E, vindo de uma mulher bonita como Beatriz, melhor ainda.

— Dr. Leonardo, você tem compromisso no almoço? Eu queria te convidar para um jantar de agradecimento. — Disse ela, sorrindo.

— A Lê vai também? — Perguntou ele, com um brilho nos olhos.

— Infelizmente, não. A Letícia está no trabalho e não vai poder ir. — Explicou Beatriz.

— Poxa… Então, nesse caso, vou adiar esse jantar de agradecimento, viu? — Respondeu ele com uma piscadinha, abrindo a porta do carro. — Mas vou cobrar depois, não pense que escapou!

Ele entrou no carro, ligando o motor. Antes de partir, se virou de novo e disse com um sorriso travesso:

— Ah, e da próxima vez, traga a Lê também! Eu tento marcar algo com ela e nunca dá certo. Srta. Beatriz, estou contando com você, hein, me ajuda!