Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 284

Costumavam dizer que mulher mudava de humor como o clima.

Mas, comparando bem... Homem mudava ainda mais.

No dia anterior, Gabriel chorava como se o mundo tivesse acabado.

No seguinte, voltou como um imperador, tirano, seguro, arrogante. Como se jamais tivesse implorado por nada.

Mas não importava qual dessas faces ele vestia. Nenhuma delas tinha mais a ver com Beatriz.

Amanhã, no tribunal, tudo se encerraria. Depois disso, ela e ele seriam como rios que correm em direções opostas. Linhas paralelas que nunca mais se tocam. Estranhos completos.

A poucos metros dali...

Ao vê-la passar com aquele olhar frio, ignorando-o como se fosse um desconhecido qualquer, o rosto de Gabriel começou a rachar. Por trás da expressão rígida, uma dor latente se espalhava.

Ele, que já havia experimentado a decepção profunda e se fechado num estado quase glacial, agora percebia que ainda não conseguia... Ser como ela.

Ainda não conseguia olhar e não sentir.

Ainda não conseguia soltar.

Apertou os punhos, os olhos fixos nela como se fossem ganchos invisíveis.

“Cruel... Você é cruel demais, Beatriz. Usou-me até o fim e agora me descarta como lixo. Fria, insensível, calculista... A mulher mais impiedosa que já conheci.”

O olhar que ele lançava era afiado, feroz, como lâminas invisíveis que cortavam o ar e cravavam-se nas costas dela. Beatriz sentiu o arrepio subir instantaneamente, como se alguém tivesse jogado um balde de água gelada em sua espinha.

Apavorada com a possibilidade de ele perder o controle, gritar seu nome, agarrá-la na frente de todos e expor aquilo que ainda não estava completamente enterrado, ela apressou o passo. Precisava sair dali. Imediatamente.

Parecia estar sendo perseguida por um animal selvagem. Apertou com força a alça da bolsa, o coração batendo descompassado, e correu quase em desespero até os elevadores.

Os elevadores executivos já estavam ocupados por alguns diretores da empresa. Sabendo que Gabriel logo viria atrás, Beatriz desviou para os elevadores comuns, os destinados aos funcionários.

Mas azar dos grandes: o corredor estava lotado, e o próximo elevador chegou tão abarrotado que ela simplesmente não conseguiu entrar.

O som ritmado dos sapatos masculinos ecoava cada vez mais perto. Beatriz lançou um olhar rápido para a escada e decidiu que era sua única saída.

Estava prestes a correr quando...

— Sra. Beatriz?

Uma voz masculina, desconhecida, a chamou. Ela parou por instinto e virou o rosto.

E se arrependeu na mesma hora.

Quem a chamara não era um estranho qualquer. Era alguém do círculo de Gabriel.

O problema?

Ela nunca tinha visto aquele homem antes. E pior: durante os dois anos ao lado de Gabriel, ela quase nunca aparecera no Grupo Pereira. Gabriel jamais revelou sua identidade em público.

O homem que havia chamado Beatriz, agora visivelmente desconfortável com a atenção repentina, se adiantou com um tom respeitoso e culpado:

— Mil perdões, senhora. Não tive a intenção de chamá-la pelo nome completo. Achei seu rosto familiar e, por precaução, resolvi tentar.

“Senhora...”

Aquela palavra, dita com tanta formalidade e deferência, atingiu Beatriz como um raio.

Suas costas se retesaram na hora, o corpo enrijeceu como se estivesse diante de um tribunal. Um instante de silêncio e tensão se formou ao redor.

Os funcionários da Aurora que esperavam o elevador ao lado também se viraram para olhar — primeiro para ela, depois para o homem que estava no centro da comitiva de ternos impecáveis.

A dúvida surgiu nos olhos de todos.

“Senhora”?

Será que era o que estavam pensando?

Será que... Ela era mesmo a esposa de Gabriel Pereira?

Aos poucos, a conexão foi se formando nos olhares. Aquela figura imponente cercada por executivos, com o rosto sério e inacessível, era inconfundível.

Era ele. O sucessor da dinastia Pereira.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle