Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 280

Ao ouvir que Daniel a chamava, Beatriz não pensou muito e foi com ele até a porta. Só não esperava encontrar ali justamente a pessoa que mais queria evitar.

Assim que viu quem estava à espera, seu passo desacelerou instintivamente.

Eduardo a encarava com os braços cruzados, sobrancelha arqueada e uma expressão entre entediado e provocador, como se estivesse segurando uma piada.

"Ele veio mesmo atrás de mim... Será que nunca vai deixar isso pra lá? O café da outra vez estava tão bom assim pra ele querer repetir?"

— Sr. Eduardo. Sr. Daniel. — Cumprimentou Beatriz com um sorriso profissional ao se aproximar.

— O Sr. Eduardo quer falar com você. — Informou Daniel, mantendo o mesmo tom neutro.

Beatriz se virou para encarar o visitante diretamente, sem perder o sorriso:

— É uma honra receber o Sr. Eduardo por aqui. Desculpe não ter ido recepcioná-lo como merece.

— Esquece recepção... Nem mesmo um convite de entrada eu recebi. Tive que vir pessoalmente. — Respondeu Eduardo com falsa ofensa na voz.

"Eu te convidei por acaso?" pensou Beatriz, mantendo o sorriso no rosto.

— Da próxima vez, me coloco de prontidão no térreo pra te esperar. — Rebateu ela, sarcástica.

— Oh? Então quer dizer que vai ter uma próxima vez? — Disse ele, erguendo a sobrancelha, em tom de brincadeira.

Beatriz ficou sem palavras...

“Ok, esse papo não vai render nada de bom.”

Parados ali na entrada do departamento de design, a cena já começava a atrair olhares curiosos. Cabeças surgiam discretamente por detrás dos monitores, e sussurros corriam entre as mesas.

— Sr. Eduardo, por aqui, por favor. Que tal um café hoje? — Disse Beatriz, dando um passo para o lado, convidando-o a entrar com elegância. — Nosso setor de compras adquiriu novos grãos especiais. Tenho certeza de que a experiência será ainda melhor do que da última vez.

Eduardo deixou escapar um sorriso.

— Quanta gentileza... Vejo que a Aurora forma ótimos profissionais. Sendo assim, acho que recusar esse café seria uma ofensa imperdoável, né?

Nesse momento, Daniel também entrou na conversa:

— No fechamento do contrato, o Sr. Eduardo nem teve tempo de beber um copo d’água. Agora, com tudo resolvido, podemos aproveitar e conversar com mais calma na sala.

— E outra coisa… Sábado à noite, eu não estava te amaldiçoando, tá? Você entendeu tudo errado. — Continuou Eduardo, com um meio sorriso no rosto. — Aquilo foi só... Uma sugestão. Com base em evidência médica e preocupações teóricas. Sério mesmo. Não era brincadeira.

Ele quase disse "preocupação", mas achou o termo íntimo demais. Optou por “sugestão”. Mais seguro.

— O Sr. Eduardo está sendo muito gentil. Não levei a mal. — Respondeu Beatriz, com um sorriso diplomático.

— Não levou? Então por que ficou trancada no banheiro e não saiu? — Rebateu ele, arqueando a sobrancelha.

“Ótimo. Nem meus panos quentes, nem minha tentativa de ser cordial estão funcionando. E ainda estou sendo colocada contra a parede.”

— Não estava me escondendo. Tive uma... Indisposição digestiva. — Respondeu com um sorriso um pouco sem graça.

— Hm. Então, no fim das contas, o que eu disse nem estava tão errado assim. — Comentou Eduardo, com uma expressão de quem tentava não rir.

Essa conversa já estava emocionalmente desgastante. Ainda assim, ela manteve o sorriso educado:

— O senhor não errou, e eu também não entendi mal. Deve ter havido algum ruído no meio do processo.

Eduardo observou sua expressão argumentativa e, por um segundo, pensou que se tivesse mais tempo, até poderia se divertir debatendo com ela. Mas precisava voltar.