Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 269

— Eu e o Daniel nos conhecemos desde a universidade. Eu sacrifiquei dois anos da minha vida por ele, e ele, por mim, nunca se envolveu com mais ninguém. A gente brigou, mas vamos nos resolver. Assim que sair o divórcio, a gente vai assinar os papéis e casar.

Era uma mentira.

E Beatriz sentiu um leve aperto por dentro.

Virou o rosto, evitando que Gabriel visse sua expressão.

Os olhos de Gabriel tremeram. As pupilas dilataram.

Ainda tentou abrir a boca, talvez para contestar, talvez para implorar.

Mas não teve tempo.

A porta da recepção se abriu com força.

— Beatriz! Você tá bem?!

A voz de Daniel soou alta e clara.

Ao ver a cena, entrou imediatamente e se posicionou na frente de Beatriz, protegendo-a com o corpo.

Beatriz ficou surpresa com a entrada repentina de Daniel.

Olhou em direção à porta.

O diretor de negócios e Murilo estavam ali, com rostos constrangidos, pegos no flagra.

Rafael também espiava pela fresta da porta.

Sorria amarelo, prestes a dar um “oi”, mas foi cortado pelas palavras de Daniel:

— Gabriel, até quando você vai continuar com isso? Isso é abuso de poder! Esperou eu entrar em reunião pra vir aqui à força?

Gabriel encarava Daniel na frente de Beatriz.

E toda a dor e desespero em seu rosto se transformaram, num segundo, em ódio e raiva.

Era ele.

O homem que Beatriz amava.

Aquele por quem ela sacrificou tudo, até o próprio casamento.

Gabriel perdeu o controle.

Sentiu a força voltar ao corpo, mesmo que brevemente.

Fechou o punho e partiu para cima.

Mas não foi rápido o bastante.

Daniel, com o braço esquerdo, protegeu Beatriz.

E com o direito, lançou um soco direto no rosto de Gabriel.

O som do osso acertando a carne ecoou pela sala.

Na porta, Murilo e os outros soltaram um grito em uníssono e correram para separar os dois.

— Diretor! Segurem o Gabriel! Ele tá maluco! Não deixem ele encostar no Daniel! — Gritou Beatriz, sem enxergar direito a confusão por estar atrás de Daniel.

Gabriel, mesmo com o rosto ardendo, congelou por um segundo.

Ela... Ela estava protegendo Daniel.

Mesmo depois de tudo.

Mesmo agora.

A dor no corpo nem se comparava ao que ele sentia por dentro.

O peito parecia prestes a explodir.

Era o mundo virado de cabeça pra baixo.

— Rafael, leva ele embora agora. Senão eu chamo a segurança. — Disse Beatriz, olhando diretamente para o assistente.

Rafael, com o corpo todo curvado tentando conter Gabriel, já cambaleava.

Mal conseguia mantê-lo parado.

“Talvez fosse melhor chamar a segurança mesmo...” pensou.

Com aquela força bruta, não tinha como tirar Gabriel dali sozinho.

Gabriel resistia, travado, os olhos vermelhos cravados nela.

A raiva e o desespero explodiam em forma de gritos:

— Beatriz, você realmente não sentiu nada por mim em dois anos?! Morando juntos, dividindo tudo, dia após dia...

— Nada. — Beatriz respondeu seca, impaciente. — Você acha que eu poderia ter sentimentos por alguém que sempre me tratou daquele jeito? Você sequer tem noção de como me tratava? Gabriel, até uma empregada merece respeito básico. Mas na sua casa, até a minha dignidade como ser humano foi pisoteada.

As palavras cortaram fundo.

Gabriel sentiu como se estivesse sendo esfaqueado por dentro.

A dor era insuportável.

Ele odiava o homem que tinha sido.

Se ao menos tivesse tratado Beatriz com o mínimo de humanidade...

Se tivesse percebido antes o quanto a amava...

Talvez...

Talvez ela tivesse, hoje, ao menos um pingo de amor por ele.

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