Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 266

— Você disse: “Vestida desse jeito, vai mostrar pra quem? Tá se exibindo? Ou vai pra esquina vender o corpo?”

Gabriel congelou.

O ar sumiu dos pulmões.

Aquela frase... Ele disse mesmo isso?

Será que tinha mesmo sido capaz de dizer algo tão cruel?

— Então me diz, Gabriel. — Beatriz falou, contendo a raiva com uma respiração profunda. — O que você quer de mim, afinal? Durante aqueles dois anos, eu não vivi exatamente do jeito que você queria? E agora você vem dizer que eu “não era assim antes”? Quer dizer o quê? Que só porque me separei, agora não posso nem escolher a roupa que uso?

— Não foi isso... — Gabriel respondeu, instintivamente negando.

Mas as palavras morreram na garganta. Não havia o que argumentar.

Tentava lembrar daquela frase horrível que dissera.

E sim, parecia real. Ele mesmo já havia cuspido aquilo um dia.

O remorso apertou ainda mais o peito.

No começo do casamento, ele tinha sido forçado a aceitar a união.

Odiava Beatriz. Sentia-se sufocado, sem paciência.

Naquela época, era capaz de dizer qualquer atrocidade.

Se tivesse imaginado onde tudo aquilo o levaria...

Cada palavra dita agora era uma cicatriz que doía mais nele do que nela.

— Não era isso que eu queria dizer... — Murmurou Gabriel, tentando mudar de assunto. — É que eu achava que você não se importava... Que vivia desanimada ao meu lado porque tinha sido forçada a casar...

Ele pensava que aquela Beatriz de agora, viva, bonita, com brilho nos olhos, era a verdadeira.

E que, nos dois anos de casamento, ela havia sido apenas negligente, indiferente, sem esforço.

Mas agora percebia, foi ele quem apagou tudo aquilo nela.

Do outro lado da mesa, ao ouvir a palavra “desanimada”, Beatriz cerrou os punhos com raiva.

Dois anos de casamento.

Ela havia entregado tudo. Amado de verdade. Tentado construir algo juntos.

Satisfez cada capricho dele. Estava sempre disposta a agradá-lo.

E agora... Era acusada de “não se importar”?

“Tinha mesmo entregado o coração a um cachorro.

Não... Gabriel é pior que um cachorro.

Mesmo que fosse uma mínima parte de carinho sincero.

Ele precisava acreditar que não tinha sido apenas imposição.

Beatriz agora já não transbordava raiva. Ela havia se recolhido num silêncio gélido.

Olhou para o homem à sua frente, cujos olhos estavam tomados pela ansiedade, como se esperasse uma sentença.

Ela não entendia como Gabriel podia ter sentimentos assim.

O que ele queria ouvir? O que tentava confirmar?

Queria saber se, em algum momento, ela realmente o amou?

Pra poder ter uma desculpa pra puxá-la de volta?

—  Forçada. — Ela respondeu, seca. Sem hesitação.

Queria que ela dissesse que o amava? Que se entregou por amor, sem esperar nada?

Jamais.

Se dissesse isso agora, viraria piada.

Seria mais uma arma que ele usaria contra ela, como sempre fez.