Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 265

— A subsidiária do Grupo Pereira já trabalhou com outras empresas para manutenção de segurança digital, é verdade. — Disse Gabriel com naturalidade. — Mas nunca houve um contrato de longo prazo. Conheço um pouco da tecnologia da Aurora, por isso vim para discutir uma possível parceria mais sólida.

As palavras eram perfeitas. Impecáveis.

Mas Murilo não era ingênuo o suficiente para aceitar aquilo sem questionar.

Aproveitou a deixa para estender a conversa.

A discussão de trabalho durou pouco mais de meia hora, e durante todo esse tempo foram só os três que falaram.

Beatriz permaneceu sentada em silêncio, sem dizer uma única palavra.

Gabriel, de tempos em tempos, lançava olhares na direção dela.

Mas nunca teve qualquer resposta.

Beatriz nem sequer desviava os olhos na direção dele, muito menos retribuía um olhar.

Isso o deixava inquieto. Impaciente.

Acelerou o ritmo da conversa, querendo logo terminar a parte formal.

— Por hoje, acho que é o suficiente. Já entendi bem o funcionamento da Aurora. — Disse Gabriel. — Peço que sua equipe me envie por e-mail os estudos de caso que têm sobre segurança digital, para que eu possa analisar com mais profundidade.

Independentemente de a parceria se concretizar ou não, ele havia cumprido o protocolo inteiro.

O diretor de negócios assentiu com a cabeça. Murilo respondeu com um sorriso diplomático.

Encerrada a parte profissional, era hora do assunto pessoal.

Gabriel então voltou o olhar para Beatriz.

Com discrição, o diretor de negócios se levantou para sair da sala. Mas Murilo permaneceu sentado.

O colega puxou a ele discretamente a manga do paletó, sinalizando para que saísse também.

Murilo, no entanto, afastou o braço com um leve gesto. O recado estava dado.

— Sr. Gabriel, vou deixá-lo à vontade. Esperarei do lado de fora. — Disse o diretor, sorrindo.

Gabriel assentiu. Mas logo notou que havia alguém que não se mexera.

Franziu a testa.

— Sr. Murilo, não é? Quero falar com a Beatriz em particular. O senhor também poderia se retirar, por favor. — Disse diretamente.

Murilo hesitou. Olhou para Beatriz, preocupado.

Afinal, foi ele quem colocou Beatriz nessa situação. Era seu dever protegê-la.

Mas Beatriz quebrou o silêncio:

— Diretor, pode me esperar lá fora. São só dez minutos. — Disse com tranquilidade.

Tinha tantas coisas para dizer, mas agora, com o tempo contado, não sabia nem por onde começar.

— Beatriz, você mudou muito. Até o jeito de se vestir, a forma como anda, tudo está diferente. — Murmurou. — Antes você não era assim, sempre de cara lavada, camisa e jeans.

A Beatriz de hoje não usava uma maquiagem pesada, mas estava visivelmente mais luminosa.

Aquele olhar que antes sempre buscava agradar, sorrir... Agora estava frio, impassível.

Como alguém podia mudar tanto, tão rápido?

Gabriel se recusava a acreditar.

A única explicação plausível era que, nos últimos dois anos, Beatriz tinha estado apenas... Fingindo.

Ela mesma já havia admitido que nunca o amou.

— Essa é a sua versão verdadeira, não é? Aquela que, por dois anos, ficou ao meu lado se anulando, fingindo que me amava. — Disse ele, com o rosto carregado de dor.

Beatriz finalmente falou. A voz seca:

— Lembra do começo do casamento?

Gabriel olhou para ela, tentando puxar na memória, mas sem saber exatamente o que lembrar.

— Aquele dia, eu vesti um vestido branco com flores pequenas. Sabe o que você disse? — Perguntou Beatriz, com o rosto impassível.