Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 246

Letícia bateu palmas e levantou o polegar, empolgada.

— Mas o pessoal do condomínio com certeza vai negar... É questão de privacidade. Você pode me ajudar com isso? — Pediu Beatriz, meio sem jeito.

Letícia passou o braço pelos ombros da amiga, deu dois tapinhas no peito e respondeu com ar heroico:

— Deixa comigo! Filha do Grupo Martins pedir acesso a umas câmeras? Isso é fichinha!

Beatriz ficou supera gradecida. Então, naquela noite, decidiu ir para a cozinha e preparou um jantar delicioso para Letícia, como forma de agradecimento.

Na varanda...

— E aí? Você joga tudo pra mim, ainda bota seu irmão pra se virar... E no fim quem leva o crédito todo é você? Nem o direito de saber das coisas eu tenho? — Reclamava Eduardo do outro lado da linha.

— Ai, irmão! Pensa em tudo de ruim que você já fez com a Bia! E ainda quer recompensa? — Letícia rebateu, cheia de razão. — Essa é a sua chance de ouro de se redimir! Aproveita, tá bom?

Do outro lado, Eduardo ficou em silêncio...

— Pelo menos deixa a Beatriz saber que fui eu quem ajudou, né? Como isso seria um pedido de desculpa se ela nem souber?

Fazer o bem anonimamente? Desculpa, esse nível de altruísmo ele não tinha não.

Ele queria que Beatriz soubesse. Era assim que, talvez, ela pudesse perdoar tudo que ele fez.

— Tá, tá, depois que tudo terminar eu falo. — Concordou Letícia.

— Não. Tem que ser agora. — Insistiu Eduardo.

— Sem chance! Se a Bia souber agora que você quer ajudar, ela vai recusar na hora. Ela pediu foi minha ajuda, não a sua. — Letícia retrucou com firmeza.

É. Pensando bem, com o jeito da Beatriz, era exatamente o que ela faria.

— Então tá. Depois da audiência, você conta. — Cedeu Eduardo.

— Isso! Deixa comigo. Te amo, tá? Beijo! — Letícia respondeu, toda fofa, já prestes a encerrar a ligação.

Mas antes que pudesse desligar, a voz do irmão surgiu de novo:

— Não vou. — Letícia respondeu sem nem pensar. — A Bia preparou um banquete pra mim, em agradecimento por eu ter ajudado com as provas. Vocês dois podem jantar sozinhos.

— Fui eu quem conseguiu a informação, não era pra me convidar? — Reclamou ele, quase indignado.

— Sua janta fica pro fim do processo. E diz pro Leo se concentrar no tribunal. — Retrucou Letícia.

Eduardo ficou em silêncio. Não insistiu mais.

De repente, a lembrança do dia anterior voltou à sua cabeça, o desabafo da Beatriz no almoço:

“Se eu soubesse antes que foi você quem fez isso, jogava a comida no lixo. Não te dava nem um grão de arroz.”

Eduardo soltou um suspiro.

Ele podia ter escolhido um caminho melhor, sido uma pessoa melhor. Mas não... Por pura teimosia, deixou o orgulho falar mais alto.

E agora? Agora estava nessa situação ridícula: ajudando escondido, como se estivesse cometendo um crime. Sem poder aparecer, como se fosse algo vergonhoso.