Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 219

Mas, no fim das contas, Beatriz engoliu o palavrão que estava prestes a sair.

Ela se forçou a manter a compostura, guiada pela razão. Afinal, ele era um cliente da empresa, e o diretor tinha dito que essa parceria era muito importante.

O homem, sorrindo com aquele ar provocador, observava a garota que o fitava com ódio contido nos olhos. Então, com calma, enfiou a mão no bolso e tirou um cartão de visitas, estendendo-o a ela.

Beatriz baixou o olhar.

Mesmo sem querer aceitar, acabou pegando por pura educação. Virou o cartão nas mãos.

Letras douradas sobre fundo preto. Um design elegante e sóbrio. E no topo, lia-se:

"Diretor Executivo – Grupo Martins"

“Grupo Martins...”

Beatriz congelou por um instante.

Aquilo ela conhecia. Era o nome da família Lê.

E logo abaixo, em letras menores mas nítidas, o nome completo:

Eduardo Martins.

“Diretor executivo...

Então ele é…”

Num estalo, ela levantou o rosto e olhou para dentro do elevador.

Agora tudo fazia sentido.

Aquela estranha sensação de familiaridade finalmente se explicava. Comparando mentalmente com o rosto de Letícia, os traços batiam. As semelhanças estavam lá: o formato dos olhos, a expressão, o nariz...

Não restava dúvida. A resposta estava ali, clara como o dia.

Dentro do elevador, Eduardo estava à frente dos demais funcionários. Encontrou o olhar da garota e sustentou o contato com um leve sorriso nos lábios.

— O jantar de ontem estava delicioso. Gostei muito. — Disse ele, em voz baixa, como se fosse um segredo só entre os dois.

Assim que as palavras saíram, as portas do elevador começaram a se fechar lentamente.

Eduardo continuava olhando para ela. A expressão no rosto de Beatriz era um espetáculo: perplexidade, surpresa, confusão... E um toque de pânico.

O sorriso dele aumentou, satisfeito com o efeito que causara.

As portas se fecharam por completo. O elevador começou a descer.

Beatriz, no entanto, continuava parada no mesmo lugar. Como se estivesse em estado de choque. Imóvel, sem reação.

Ao lado, Murilo a chamou, curioso:

— Beatriz… Você jantou com o Sr. Eduardo ontem? Foi você quem cozinhou?

Daniel também se manifestou:

— Então é por isso que vocês recusaram jantar conosco… Já tinham outro compromisso.

Mas o que mais o incomodava nem era o fato de terem comido juntos. O que pesava mesmo era o detalhe de Beatriz ter cozinhado.

— Achei que vocês já se conheciam. Mas pelo visto, só de um lado... — Comentou Daniel, a expressão ficando mais séria.

Isso só tornava tudo pior. Significava que Eduardo deliberadamente escondeu sua identidade, só pra poder brincar com Beatriz, testá-la, provocar.

Nada honesto. Nada justo.

No caminho de volta, os quatro caminhavam em silêncio. Beatriz não escondia o incômodo no rosto. Por dentro, ainda estava com raiva.

Descobrir que aquele homem egocêntrico e irritante era o irmão da Letícia... Foi difícil de aceitar.

Ela sempre imaginou que o irmão da amiga fosse alguém responsável, carinhoso, talvez um pouco sério, mas com um bom coração. Afinal, a relação entre eles sempre pareceu leve e afetuosa.

Mas agora... Toda essa imagem se desfez. E o que ficou foi uma impressão péssima.

Pior do que péssima. Decepcionante.

— Desculpa por hoje. Você passou por uma situação chata. — Disse Daniel, olhando para ela.

— Tudo bem. — Respondeu Beatriz, sem muita expressão.

— Na próxima vez que o Sr. Eduardo vier, não precisa participar da reunião. — Disse ele, como quem queria protegê-la.

Beatriz assentiu, mas por dentro pensava:

“Com o tipo de homem que ele é… É mais fácil ele vir só pra me provocar.

Aposto que vai querer que eu prepare outro café pra ele.”

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