Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 214

Sentado à mesa, Eduardo observava a jovem.

Estava na cara que ela estava irritada, claramente desconfortável com a situação. Mesmo assim, manteve a postura, falou palavras educadas e fez o papel de funcionária exemplar, tudo em nome da empresa.

Engraçadinha, essa moça. Fingindo ser toda profissional, mas com os olhos cheios de raiva. Ele achava... Divertido.

Do outro lado da mesa, Daniel percebeu como os olhos de Eduardo acompanhavam Beatriz até o assento.

Instintivamente, fechou a mão que estava apoiada sobre a mesa.

— Sr. Eduardo. — Disse com um sorriso polido, mas com um leve tom de aviso. — Não pegue tão pesado com minha funcionária. Ela entrou recentemente na empresa, ainda é um pouco tímida.

Eduardo tirou os olhos de Beatriz e assentiu com calma.

— Um pouco mesmo. Mas isso passa. Com prática, ela melhora.

Daniel ficou sem palavras...

“Sr. Eduardo, o senhor tem noção de como essa frase soa provocativa?”

No canto direito da mesa, Beatriz, que ouvia tudo, amassou o papel que estava diante do computador. O arquivo impresso virou uma bolinha entre seus dedos.

Aquele homem era insuportável. Sabia muito bem que ela não era nenhuma acompanhante da noite, mesmo assim insistia em provocar, zombar dela diante de todos.

“Ridículo. Arrogante. Detestável.”

Chegada a hora, a reunião começou oficialmente.

O tema girava em torno do desenvolvimento de software, parte mais técnica do projeto. Como não era sua especialidade, Beatriz aproveitou para fingir concentração na tela enquanto, discretamente, escapava da realidade.

Abriu o bate-papo e começou a digitar para Letícia, despejando toda sua frustração pelo que acabara de acontecer.

Letícia respondeu na hora, animadíssima. Beatriz esperava que a amiga a acompanhasse na indignação... Mas a resposta foi bem diferente:

[Ele com certeza tá a fim de você! Hahaha~]

[Vocês se viram naquela noite escura quando ele foi me buscar, né? Pois é... Estava escuro e mesmo assim ele lembra da sua cara? Isso é amor verdadeiro, miga!]

[Ele pode ter te deixado constrangida de propósito, mas pensa: não é praticamente uma declaração pública? Agora todo mundo sabe que ele tá te paquerando! Estratégia total!]

Beatriz olhou para a tela, sem reação.

Digitou uma série de reticências que preencheu metade do chat. Depois respondeu:

[Estou falando sério aqui.]

[Esse homem é simplesmente detestável! Nariz empinado, egocêntrico, e ainda por cima se acha irresistível! Ele realmente acha que todas as mulheres do planeta querem cair nos braços dele?]

[É revoltante! Eu já expliquei tudo naquela noite e mesmo assim ele insiste em me provocar em público!]

Percebendo que a amiga estava realmente irritada, Letícia deixou de lado o tom brincalhão e entrou no modo solidária.

Juntas, começaram a xingar o tal homem, sem nenhum pudor.

E esperou.

Um minuto. Dois. Três... Cinco.

Até que, enfim, decidiu se virar e encará-la de frente.

Seus olhos se encontraram.

Zás. Pegou no flagra.

Com o canto da boca levemente levantado, Eduardo lançou um olhar carregado de provocação.

“Vai continuar me encarando até quando, hein?”

Beatriz levou um susto. Seus olhos arregalaram-se por um segundo e, quase num reflexo, desviou o olhar rapidamente.

Fez de conta que estava concentrada na apresentação, como se nada tivesse acontecido.

“Socorro. Que vergonha.

Me distraí demais tentando lembrar de quem ele se parece... E fiquei tempo demais encarando.

Pronto. Agora ele com certeza acha que eu tô apaixonada por ele.

Que inferno. Essa sensação de ‘não tem como explicar’ é pior que o próprio constrangimento.”